“E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação” . Lucas 22:46
Quando é que o crente mais quer dormir? Não é precisamente quando as circunstâncias não ajudam, quando tudo é difícil? Não é assim consigo também? Quando os problemas se acumulam e não nos permitem aproximar daquele trono de graça e perdão, quando menos queremos ser vigilantes e oportunos, quando mais precisamos de ser e estar assim oportunamente diante de Deus.
As estradas fáceis também trazem sonolência a quem cavalga. Também aqui encontramos poucas pessoas que querem permanecer acordadas. Os crentes não adormecem com muitos leões por perto. Ou quando atravessam um rio perigoso, ou quando lutam com Apolião, mas apenas quando já subiram até meio daquela montanha penosa e chegam a bom porto. Ali sim, até um leão pode estar escondido que ninguém supõe ser possível ser tragado vivo! Será ali quando um peregrino adormece para perdição sua. Os locais onde os peregrinos descansam, onde o perfume do descanso convida e se realça, onde a brisa suave sopra um som relaxante, onde tudo contribui para que pestaneje e isto enquanto o príncipe, o Filho do Homem, está para chegar a qualquer momento.
O diabo não dorme. Mas ele faz dormir. Recordemos aqui a discrição de João Bunyan: eles chegaram a um porto embelezado com verde, quente e comprometedor, muito refrescante para aos peregrinos exaustos; estava embelezado com folhas verdes e convidativas, fornecido com galhos e tentações; também havia por ali uma almofadada cadeira de descanso onde qualquer peregrino gostaria de se enroscar. O Porto chamava-se “Amigo do Preguiçoso” e foi propositadamente feito para iludir e enganar quem fosse passando por ali, quem estivesse cansado e tentado a descansar”. Se dependemos disto para viver, será em lugares como este onde podemos perder nossa vida infantilmente.
Ali esquecemos que corremos perigo de morte, que existe um Leão pronto a saltar e tragar e despedaçar. Erskine disse pela sabedoria: “melhor é ter um demônio barulhento por perto, a rugir, do que um calado”. Não existe maior tentação que a ausência dela. Um espírito atribulado não dorme, não adormece facilmente. É apenas quando entramos numa fase de confiança, falsa ou verdadeira, que o perigo tem a sua melhor oportunidade de nos tragar logo. Quando é que as noivas perderam o comboio para a boa aventurança? Não foi quando confiaram no azeite que tinham? Também os discípulos adormeceram quando sabiam que Jesus orava. Tenha cuidado, toda a precaução, crente alegre, pois pode estar confiante demais e adormecer infantilmente.
Esteja alegre, o mais alegre que pode e sabe, pois o seu Deus é realmente grandioso; mas acima de tudo, nunca deixe de estar e permanecer sempre vigilante. Seja alegre, sim, mas vigilante.
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