terça-feira, 17 de junho de 2014

Texto: Dois Tipos de Conhecimento

Dois Tipos de Conhecimento

Há um conhecimento que é doutrinário, teológico e instrutivo, e há um conhecimento que nasce de uma revelação de Deus. Ambos são conhecidos como “verdade”, cada um produz um determinado tipo de pessoa, e ambos são aceitos como “cristianismo”.



Você pode ter certeza que Deus quer que tenhamos as doutrinas certas, mas nunca podemos nos contentar meramente com o acúmulo de conhecimento certo. Pois este conhecimento geralmente fica apenas como um arquivo de fatos religiosos; e neste caso a Palavra de Deus é vista mais como um museu do que um gerador de energia.



Quando limitamos nossa ascensão espiritual em direção a Deus pelo nível de nosso conhecimento doutrinário, tornamo-nos pessoas que nunca mudam na sua essência. Pelo contrário, nossa velha natureza simplesmente finge ser nova. Quanto mais nos contentamos com conhecimento só na cabeça, mais nosso cristianismo se degenera e torna-se espírito religioso.



Só Deus pode mudar nossas naturezas teimosas e rebeldes. E este poderoso Deus não quer que tenhamos um cristianismo fingido. Ele quer que você seja autêntico, e que o conhecimento na sua cabeça se torne a realidade do seu coração. Pois verdade, na perspectiva de Deus, é muito mais que doutrina. É realidade.



A diferença entre verdade que é mera doutrina e verdade que é revelação, é que no primeiro caso o coração do homem pode ser enganoso, ganancioso, e arrogante, e no entanto manter um conceito teologicamente correto de Deus.



Os fariseus tinham no geral um conceito teologicamente correto de Deus, mas Jesus disse que interiormente estavam cheios de “rapina e intemperança” (Mt 23.25). Por fora, pareciam ser santos, mas tudo que tinham era carne religiosa. Por dentro, eram falsos.



Davi conhecia a Deus. Visitava a tenda de Deus, e ali adorava e orava. De fato, mesmo depois do seu pecado com Bate-Seba, manteve a forma exterior do seu relacionamento, apesar de seu coração estar longe de Deus. Mas, quando se arrependeu, reconheceu com reverência: “Certamente tu amas a verdade no íntimo” (SI 51.6).



Verdade doutrinária cria uma ilusão sobre si mesma; a ilusão de que conhecimento é o mesmo que justiça. Não é. Todos nós conhecemos pessoas que são críticas, fofoqueiras, que procuram defeitos nos outros, e ao mesmo tempo são capazes de defender todas as doutrinas certas sobre o amor. Quando falam mal das pessoas, o fazem com ousadia, sentindo que estão prestando um serviço a Deus.



O que estas pessoas têm chama-se “carne religiosa”. Mas em contraste com isto, a verdade que vem pela revelação sempre produz mudança; sempre nos deixa menos seguros de nós mesmos, mais dependentes de Deus, e mais amorosos para com os outros.



Para derrubar as velhas maneiras de pensar, Deus precisa penetrar e remover a arrogância que protege nossa ignorância. Precisamos ser quebrados da nossa autoconfiança e tornar-nos confiantes em Deus. Para quebrar-nos Deus terá de confrontar-nos.



A Espada de Deus



A principal maneira em que seremos mudados é através da Palavra de Deus energizada pelo Espírito. Outra vez, há duas maneiras de ver a Bíblia: doutrinariamente, ou como ela realmente é, uma espada de dois gumes. Quando lemos a Bíblia num nível meramente intelectual, podemos adquirir conhecimento, que é bom; mas tal conhecimento sozinho nos deixa ainda intactos e intocados. Se não somos convencidos, desafiados, ou mais perfeitamente conformados a Cristo como resultado de ler as Escrituras, pode ser porque temos um espírito religioso que está limitando a penetração da Palavra de Deus nas nossas mentes.



Quando o Senhor apareceu ao apóstolo João em Patmos, Cristo se revelou com uma “afiada espada de dois gumes” saindo da sua boca; seus olhos eram chamas de fogo. Precisamos visualizar isso, pois a Palavra de Deus é uma espada. Na proporção em que deixamos de vê-la como tal, provavelmente estamos servindo a um espírito religioso no lugar do Espírito Santo.



Considere também a profecia de Simeão a Maria, mãe de Jesus. Ele disse: “(também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações” (Lucas 2.35). Observe, ele não disse:”… e você aprenderá muitos fatos úteis sobre a Bíblia, a fim de capacitá-la a ganhar aquele concurso”. Ele disse que uma espada penetraria no seu coração, e até seus pensamentos serão revelados.



Veja, quando você chegou a Jesus, você não veio para uma religião, mas para uma Pessoa – uma Pessoa que nos conhece tão bem quanto conhece a si mesmo. Ele expõe nossos corações; ilumina aquelas áreas escuras e secretas dentro de nós – não para nos condenar, mas para nos libertar da escravidão de pecado e do engano.



Você pode dizer: “Bem, eu preciso ouvir que o Senhor me ama.” Sim, esta é a verdade mais central da Bíblia, e que mais transforma a nossa vida. Porém, Jesus disse que repreende e disciplina a todos quantos ama. Depois nos ordena a ser zelosos, e a nos arrependermos (Ap 3). Seu amor não está em alguma prateleira, bem distante de nós enquanto não somos feridos. Não. Seu amor é o que motiva sua palavra, enquanto fala ao nosso coração para nos libertar.



Considere como a Palavra descreve a si mesma. “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).



Deveria ser algo normal para nós descobrir áreas onde Deus quer que mudemos. É uma característica do verdadeiro cristianismo ver de repente que tivemos pensamentos errados, ou perceber que as intenções do nosso coração foram carnais. A voz que sonda o seu coração não vem do inimigo; vem de Deus. Ele quer libertá-lo da Carne religiosa.



Sustentado Pela Revelação de Cristo



Quando Deus chamou Abraão, chamou-o para uma promessa que era espantosa. Embora fosse velho e sem filhos, Deus lhe disse que seria “pai de muitas nações”. Vinte e seis anos passaram entre o primeiro encontro de Abraão com Deus e o nascimento do seu filho, e durante todo o processo de várias subidas e descidas, a Escritura diz: “E Abraão creu em Deus”.



Quero deixar isso bem claro. Abraão não creu simplesmente que Deus existia; não, Abraão creu no que Deus lhe dissera pessoalmente. Ele teve um encontro com a palavra viva de Deus, que como espada, penetrou no seu coração. Abraão não tinha meramente uma religião sobre Deus, mas recebeu uma promessa sobre a qual edificou sua vida.



A fé que nos salva é uma resposta viva à palavra que Deus nos diz. Seja o que for que esta palavra disser a respeito do reino de Deus, do seu poder, ou da sua graça e capacidade para nos mudar, precisamos aceitar e crer!



A carne religiosa se preocupa em manter aparência de ser bom. A alma espiritual tem seu foco na grandeza de Deus, crendo que o que Deus prometeu, ele também é capaz de realizar (Rm 4.21).



Sua experiência com cristianismo nunca será sustentada por nada menos do que um relacionamento sempre novo com Jesus Cristo. A força do cristianismo é Cristo! Quando você está com fome, vá a ele. Com sede? Vá a ele. Para tudo que precisamos, ele é o caminho, a verdade e a vida.



Se não consegui inspirá-lo a se aproximar do Senhor, onde pode ouvir dele e ser sustentado por ele, então falhei no meu ministério. A carne religiosa é convencida de que o crescimento se mede por fatos religiosos. A verdadeira espiritualidade, porém, se mede pela profundidade da nossa fome por Deus, onde nossa alma anseia pelo “Deus vivo”, como a corça suspira por água.



Carne religiosa nunca herdará o reino de Deus, mas um coração decidido em ser autêntico com Deus descobrirá que a plenitude de Deus o aguarda.



Vamos orar:



Senhor, sonda profundamente o nosso interior. Ajuda-nos a ouvir tua palavra falando conosco quando vieres escavar nossa alma para purificá-la de pensamentos e atitudes impuros. Liberta-nos da carne religiosa e leva-nos à plenitude do teu Espírito. Em nome de Jesus.



Francis Frangipane é ministro do River of Live Ministries - REVISTA IMPACTO 

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