Testemunho de J. Pengwern Jones
John Hyde foi grandemente usado para abençoar minha vida. Já havia lido aquele precioso livro de Andrew Murray, “Com Cristo na Escola de Oração”, e pude ver neste homem um exemplo vivo de alguém que estava de fato com Cristo na sua escola de oração. Seu exemplo deu-me um profundo anseio e também inspiração para me matricular como aluno nesta escola…
Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote, deseja “companheiros”, “colegas”, “participantes”, para entrarem junto com ele no santuário como intercessores. O sumo sacerdote dos tempos antigos tinha de entrar no Santo dos Santos sozinho, mas nosso Sumo Sacerdote suplica para que haja companheiros para estarem ao seu lado. Hyde era exatamente isto, e parece-me estranho que tenhamos tanta relutância em assumir este tremendo privilégio de ser “co-intercessores” junto com ele…
A primeira vez que encontrei John Hyde foi em Ludhiana, no Punjab (na índia), onde ele morava na época. Eu fora convidado para falar algumas palavras sobre o avivamento na região dos montes Khassia, na índia, para a Conferência da Missão Presbiteriana dos Estados Unidos, que estava realizando sua assembléia anual nesta época.
Viajei a noite toda, saindo de Allahabad e chegando em Ludhiana de madrugada. Levaram-me para tomar chá junto com os delegados do Congresso, e com os demais que estavam lá. Fui apresentado a Hyde que estava do lado oposto da mesa. Tudo que disse a mim foi: “Quero falar com você. Estarei esperando perto da porta.”
Lá estava ele me esperando, e suas primeiras palavras foram: “Venha comigo à sala de oração. Queremos você lá.”
Eu não sabia se era um pedido ou uma ordem. Sentia que tinha de ir. Falei com ele que havia viajado a noite toda, que estava cansado, e que teria de falar às quatro da tarde, mas acompanhei-o assim mesmo.
Encontramos meia dúzia de pessoas ali, e Hyde se colocou de rosto em terra diante do Senhor. Ajoelhei-me, e uma estranha sensação começou a tomar conta de mim. Algumas pessoas oraram, e depois Hyde começou a orar, e a partir daí não me recordo de muita coisa. Eu sabia que estava na presença do próprio Deus, e não tinha nenhum desejo de sair daquele lugar. Na verdade, acho que nem pensei de mim mesmo ou do lugar onde estava, pois havia entrado em um outro mundo e queria permanecer ali.
Entramos naquela sala por volta das oito horas da manhã. Várias pessoas entraram e outras saíram depois disso, mas Hyde ficou prostrado de rosto em terra, e dirigiu o grupo em oração várias vezes. Às refeições foram esquecidas, e minha sensação de cansaço evaporou. O relatório do avivamento e a mensagem que deveria entregar, que estavam me causando tanta ansiedade, saíram totalmente da minha mente, até umas três e meia da tarde, quando Hyde se levantou. Percebi então que estávamos sozinhos na sala de oração.
“Você vai falar às quatro horas,” ele disse para mim. “Vou levá-lo para tomar uma xícara de chá.”
Respondi que certamente ele também precisava comer alguma coisa, mas ele disse: “Não, não quero nada, mas você precisa de alguma coisa.”
Passamos rapidamente no meu quarto, e nos lavamos apressadamente, e em seguida tomamos uma xícara de chá cada um. Então já estava na hora da reunião.
Ele me levou até a porta, tomou minha mão e disse: “Entre e fale. Esta é a sua tarefa. Voltarei à sala de oração para orar por você. Este é o meu trabalho. Quando acabar o culto, venha para a sala de oração outra vez, e louvaremos a Deus juntos.”
Que sensação, semelhante a um choque elétrico, passou por mim quando nos separamos ali. Foi fácil falar, mesmo através de um intérprete. O que eu disse, não sei. Antes de terminar, porém, o intérprete indiano, sobremodo comovido pelos seus sentimentos e pelo Espírito de Deus, não conseguiu continuar, e teve de ser substituído. Sei que o Senhor falou naquela noite. Falou comigo, e falou com muitos outros.
Reconheci o Poder da Oração
Foi assim que reconheci o poder da oração. Quantas vezes já havia lido de bênçãos em resposta a oração, mas isto impactou-me de tal maneira naquela noite que desde então procuro alistar guerreiros de oração para orar por mim todas as vezes que tenho de entregar uma mensagem de Deus. Foi uma das reuniões mais maravilhosas que já tive o privilégio de experimentar, e sei que foi resultado do santo guerreiro de oração que estava lá por trás dos bastidores.
Voltei à sala de oração após o culto, para junto com ele louvar ao Senhor. Ele não fez pergunta alguma, se o culto fora bom ou não, se as pessoas foram abençoadas ou não, nem pensei em dizer-lhe da bênção que eu recebera pessoalmente, ou de como suas orações haviam sido respondidas.
Era como se já soubesse de tudo, e como era poderoso seu louvor ao Senhor! Foi tão fácil para mim louvar ao Senhor junto com ele, e falar com Deus da bênção que me enviara.
Era como se já soubesse de tudo, e como era poderoso seu louvor ao Senhor! Foi tão fácil para mim louvar ao Senhor junto com ele, e falar com Deus da bênção que me enviara.
Conversei muito pouco com ele naquela conferência. Sabia muito pouco sobre ele, e estranhamente, não tive desejo de dirigir-lhe pergunta alguma. Mas um novo poder entrara na minha vida, humilhando-me e dando-me uma visão completamente nova da vida de um missionário, ou até mesmo da vida de um cristão. O ideal que me foi revelado naquela época nunca se perdeu, pelo contrário, com o passar dos anos, há um anseio cada vez mais profundo de atingi-lo.
Conversei com alguns missionários sobre Hyde, e descobri que antes muitos não o haviam compreendido, mas agora seus olhos estavam sendo abertos ao fato de que este não era um obreiro comum, mas alguém especialmente revestido com o espírito de oração, dado por Deus para a índia para ensinar as pessoas a orar.
Anos depois, perguntei-lhe se naquela época ele havia percebido que os missionários não estavam a favor da quantidade de tempo que passava em oração. Com aquele sorriso doce que eu jamais poderei esquecer, ele respondeu: “Oh sim, eu sabia, mas era porque não me compreendiam, só isto. Não era intenção deles ser antipáticos comigo.” Não pude detectar nele um átomo de amargura. E realmente agora os missionários já falavam da suas longas vigílias de oração com aprovação.
Provavelmente Hyde não passou uma noite dormindo durante aquela primeira conferência em que estivemos juntos, e o Senhor o honrou. Ele não apareceu diante do povo, mas em resposta a suas orações, muitos foram abençoados. Creio que uma nova era na história da Missão, e na história da província de Punjab, foi inaugurada naquela época.
Extraído de “Praying Hyde” (O Homem Que Orava), compilado por Captain E. G. Carré
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