Orando no Espírito
Por: Samuel Chadwick
Logo no início de 1882, tive uma experiência que elevou minha vida a um novo patamar de compreensão e poder. As demandas de uma tarefa impossível estavam despertando em mim um imenso senso de necessidade. Não tinha poder nem força para servir e muito menos para orar.
Antes disso, pensava que já soubesse como orar, pois já havia orado muito pela obra à qual o Senhor me enviara. Já ouvira testemunhos, mas fechara meus ouvidos. Eram de pessoas que foram empurradas para Deus pela falta de poder, e que sempre associaram o poder de Deus com uma experiência de santidade, o que não me interessava muito. Eu estava atrás de poder. Queria poder para ser bem-sucedido, pois meu interesse no poder era por causa do sucesso que traria. Queria sucesso que viesse a encher a capela, salvar pessoas, e trazer abaixo as imensas fortificações de Satanás com um grande estrondo.
Eu era jovem, e tinha pressa. Junto com mais onze pessoas, começamos a orar. Deus nos levou ao Pentecoste. Despertou minha mente, e também purificou meu coração. Recebi uma nova alegria, um novo poder, um novo amor e uma nova compaixão. Ganhei uma nova Bíblia e uma nova mensagem. Acima de tudo, tive uma nova compreensão e uma nova intimidade em comunhão e no ministério de oração; aprendi a orar no Espírito.
A Cooperação do Espírito
A obra do Espírito Santo é sempre realizada em cooperação. Ele nunca trabalha sozinho. Depende da cooperação humana para transmitir sua mente, manifestar sua verdade e operar eficazmente. Ele habita no Corpo de Cristo, assim como Cristo habitou no corpo que lhe foi preparado pelo Espírito Santo. Revelação veio do Espírito da Verdade, enquanto homens de Deus foram inspirados por ele. A Palavra é dele, mas foi escrita com mãos de homens.
Esta mesma dupla ação se encontra em toda a obra de redenção por Cristo Jesus. Nosso Senhor nasceu de uma mulher, mas foi concebido pelo Espírito Santo de Deus. Cresceu em estatura e em conhecimento na casa de José, mas foi instruído e guiado pelo Espírito Santo. Seus ensinamentos e ministério foram no poder do mesmo Espírito. Ele se ofereceu sem mancha a Deus pelo Espírito Eterno, e foi o Espírito que levantou Cristo dos mortos.
Existe a mesma cooperação em toda a experiência da salvação. Há sempre um fator humano e um fator divino. Há dois fatores no testemunho, dois fatores na direção divina, dois fatores na obra de Deus, e dois fatores na intercessão. Oramos no Espírito, e o Espírito faz intercessão por nós.
A Comunhão do Espírito na Oração
O Espírito Santo não faz nada de si mesmo, nem faz coisa alguma por si mesmo. Sua missão é glorificar a Cristo, e tudo que faz se baseia na obra consumada de Cristo. Ele não pôde ser dado até que Jesus fosse glorificado, e na experiência pessoal não pode haver um Pentecoste até que haja uma Coroação. O Espírito é o presente de Coroação de Jesus, a quem o Pai tornou tanto Senhor como Cristo.
A comunhão do Espírito na oração se torna possível por uma experiência em Cristo. A seqüência está no capítulo 8 de Romanos (v. 9 a 27). Aqueles que oram no Espírito precisam estar no Espírito, e se o Espírito de Deus vai fazer intercessão por nós, é necessário que ele habite em nós. Se vivermos segundo a carne, morreremos, mas se formos guiados pelo Espírito e não andarmos segundo a carne, mas segundo o Espírito, então o Espírito habita em nós, vive através de nós, e trabalha através de nós.
Então acontece o que está escrito: ‘Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26-27).
O Espírito Santo sonda as profundezas de Deus; toma as coisas de Cristo e as revela a nós. O Espírito conhece a mente de Deus; oramos no Espírito, instruídos e inspirados por ele, e ele intercede por nós com uma intercessão sem palavras. Esta é a explicação do Novo Testamento sobre a oração que prevalece.
Embora eu não soubesse disso até alguns anos depois, foi exatamente o que me aconteceu quando Deus me deu uma nova compreensão, uma nova alegria, e um novo poder na oração. Uma nova Pessoa entrou num novo templo, e estabeleceu um novo altar. Assim vivo, mas não eu; assim oro, entretanto não eu. Oro no Espírito, e o próprio Espírito também faz intercessão. O Espírito no meu espírito ora.
O Espírito Ajuda nas Nossas Fraquezas
O Espírito instrui e inspira toda verdadeira oração. Não há palavra mais verdadeira do que esta: “porque não sabemos orar como convém”. Não existe uma esfera em que chegamos tão rápido ao fim do nosso conhecimento quanto na oração. Nossos pedidos insistem em necessidades que são imediatas, óbvias e urgentes. Não conseguimos ver com suficiente profundidade, nem a uma suficiente distância, para saber qual é nossa verdadeira necessidade.
A maioria das pessoas quer boa saúde, conforto em casa, condições satisfatórias, boas amizades, um pouco mais de dinheiro, e mais sucesso, mas quem sabe dizer se tudo isto seria realmente para seu bem? Deus vê com mais profundidade e a uma distância maior, e pode querer outras coisas. Quantas vezes pessoas que suplicaram com corações partidos para que Deus poupasse uma vida, mais tarde agradeceram ao Senhor por tê-la levado! Ele sabia o que estava pela frente, e a tirou do mal que estava porvir.
O Espírito Santo conhece a mente de Cristo e a vontade de Deus, e ensina-nos como orar e o que orar. Se alguém falta sabedoria, que peça de Deus, e receberá dele mais do que sabedoria; Deus lhe dará o Espírito de sabedoria para instruir, fortalecer e guiar.
O Espírito Santo cria as condições da oração. Podemos pedir mal, não só no que pedimos, mas também no motivo dos nossos pedidos. Ele santifica o desejo e direciona-o para a vontade de Deus, de modo que desejemos aquilo que Deus quer dar. É desta forma que, ao nos deleitarmos no Senhor, podemos ter certeza que nos dará os desejos do nosso coração. Queremos aquilo que ele deseja. O Espírito exprime as coisas indizíveis da alma. Seus gemidos antecedem nossas orações, e as orações são geradas pela sua angústia. Nele está a fonte de vida e desejo, sabedoria e fé, intercessão e poder. Ele desperta o desejo, purifica a motivação, inspira a confiança, e assegura a fé.
A Oração do Espírito
Este é o significado mais profundo da oração. É mais do que pedir, é comunhão, intercâmbio, cooperação, identificação com Deus Pai e Deus Filho pelo Espírito Santo. Oração envolve mais do que palavras, pois é mais poderosa quando fica sem palavras. É mais do que pedir, pois alcança sua maior glória quando adora e não pede por coisa alguma.
Quando uma criança entrou no escritório do pai, e aproximou-se dele na sua mesa, o pai virou e perguntou: “O que você quer, filhinho?”
O garotinho respondeu: “Nada, papai, eu só queria estar com você.”
Este mistério do Espírito é a chave aos outros mistérios. O segredo do Senhor se manifesta àqueles que oram na comunhão do Espírito. Existem estágios de oração. Num estágio, oramos e pedimos que ele nos ajude. Há um outro estágio muito mais maravilhoso em que ele ora e nós concordamos, e fazemos da sua oração a nossa. Ele intercede dentro do templo dos nossos corações, e nosso Senhor vive para sempre para interceder por nós à destra do Pai.
O Espírito dentro do nosso espírito ora, operando em nós para desejar e para realizar a vontade e o agrado do nosso Pai que está nos céus. É Deus o Espírito representando Deus Pai e Deus Filho, e os três são um só Deus. Ele é o poder que opera em nós. Ele é quem une os corações em oração, e faz dos mesmos uma união irresistível na intercessão.
A certeza da oração respondida vem dele, e é ele que torna a oração a força mais poderosa em todo o universo de Deus. O segredo de tudo isso está nele. O poder de tudo isso é por ele. A alegria de tudo isso está com ele. A maior coisa que Deus já fez por mim foi ensinar-me a orar no Espírito.
Nunca somos de fato pessoas de oração no melhor sentido, até que sejamos cheios com o Espírito Santo. Por isto, Senhor, ensina-nos a orar no Espírito!
Extraído Do Livro “The Patli Of Power”, de Samuel Chadwick.
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