sábado, 15 de junho de 2013

Video: O Canto das Estrelas - Louie Giglio (e outros)


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O Canto das Estrelas - Louie Giglio
 




How Great is Our God / Quão grande é o nosso Deus!
- Louie Giglio -




 
Palestra - Indescritível - Louie Giglio 
 

Texto: Quando os Anjos se Alegram! - Testemunho de Mario Persona

 
Quando os Anjos se Alegram!
 
 
Começava o ano de 1978 e eu nem imaginava que uma série de acontecimentos iria em breve mudar completamente minha vida. Eu estava com 23 anos de idade mas nem me passava pela cabeça que aconteceria comigo algo que faz os anjos se alegrarem. Enquanto andava pelos corredores da Faculdade de Arquitetura de Santos, onde estudava, uma nota no quadro de avisos chamou minha atenção: " SE VOCÊ SE INTERESSA POR TRIBOS INDÍGENAS, FALE COMIGO - FERNANDO ". Qualquer assunto relacionado ao homem e à natureza me interessava. Logo eu estava procurando pela pessoa que havia colocado aquele anúncio.

Viagem no Misticismo

Nos últimos anos eu havia mergulhado profundamente em uma viagem em busca de uma razão de viver. Aquela jornada acabou me levando a acreditar que a única solução para minha existência como ser humano estava no auto-conhecimento, na sua evolução espiritual. Minha filosofia era uma mistura de espiritualidade com idéias de uma volta ao campo para viver uma vida simples em comunidades alternativas. Levava uma vida voltada para o misticismo. Praticando alimentação natural e medicina alternativa oriental, minha mente era um verdadeiro caldeirão de conhecimentos espiritualistas. Nela eu tentava conciliar conceitos e idéias emprestadas do espiritismo, esoterismo, teosofia e Tao Te Ching. Minha biblioteca era meu tesouro: autores como Alan Kardec, Madame Blavatsky, Krishnamurti e Carlos Castañeda habitavam nela, lado a lado, como se não discordassem entre si.

Brincando de Monge

O interesse por essas coisas veio aos poucos. Primeiro vieram os livros de Lobsang Rampa, um jornalista britânico que afirmava ser a reencarnação de um Lama tibetano. Suas idéias acerca do poder da mente, percepção extrasensorial e viagem astral impregnaram de tal modo meus pensamentos que acabei me tornando um leitor assíduo de tudo o que se referia ao ocultismo, magia e parapsicologia. Me envolvi com experiências com fenômenos paranormais que incluíam telepatia, precognição, psicocinésia e radiestesia, e acreditava poder medir a aura de meus amigos com um instrumento que construí.  
Todas as formas de religião oriental me atraíam. Por mais de um ano dediquei-me à Seicho-no-ie, absorvendo e acreditando em tudo o que o mestre Masaharu Taniguchi escrevia. Mas na mesma proporção que minha biblioteca crescia, recebendo dúzias de novos volumes sobre pensamento positivo, meditação transcedental, seres elementais (fadas, gnomos e duendes), yoga, astrologia, ufologia, e parapsicologia, aumentavam minhas dúvidas e falta de paz. Eu conseguia disfarçar meu crescente sentimento de inquietude adotando uma postura de sábio e cultivando uma imagem de homem santo e espiritual. Tentando me separar do mundo material, queria que as pessoas pudessem ver em mim um tipo moderno de monge. 

Ghandi, Meu Ídolo

Krishna, no Mahabharata, era uma de minhas leituras prediletas. Aliás, o Bahagavad Gita era meu livro de cabeceira para minhas leituras noturnas. Gandhi passou a ser um exemplo para mim. Logo adotei um estilo de vestir, vestindo camisas feitas com saco de algodão que, junto com calças desbotadas e sandálias, me emprestavam uma aparência de humildade e de desprendimento das coisas materiais. Uma bolsa de lona, onde costumava ter sempre pão de trigo integral, completava a imagem de homem espiritual que eu queria transmitir às pessoas. Comia apenas alimentos naturais e era um fanático, adepto da Macrobiótica, uma dieta baseada no Tao. Não comia carne, açúcar e qualquer alimento industrializado. Não comia qualquer coisa considerada demasiadamente Ying pela Macrobiótica. Iria atrapalhar o equilíbrio Ying Yang que meu corpo precisava ter para entrar em harmonia com o Universo. Passei a ter em Georges Osawa e Tomio Kikuchi meus mestres dietéticos. Meu peso caiu de 75 kg para 56 kg, o que, para alguém de 1,84 de altura, concedia a magreza e palidez necessária a um candidato ao Nirvana. Meu esqueleto à mostra já começava a atrair olhares curiosos quando eu caminhava pela praia.

Todo Monge Precisa de Patrocínio  

Mas toda aquela aparência de despojamento e espiritualidade só era possível porque meu pai me dava todo o dinheiro que eu precisava para morar sozinho e com todo o conforto em um apartamento no Guarujá. Meu apartamento ficava a poucos metros de uma das mais famosas praias do Brasil. Ele também providenciava o suficiente para que eu estudasse em uma faculdade particular das mais caras. Os mesmos recursos permitiam que eu me alimentasse regularmente em restaurantes Macrobióticos. Estes alimentos costumavam ser normalmente mais caros que as refeições em restaurantes comuns. Eu podia ter a aparência de um monge asceta, mas meu padrão de vida era de um menino rico. O único conforto que consegui deixar de lado foi meu carro, o qual dei à minha irmã. Passei a andar a pé, de bicicleta ou de ônibus.

Encontrei Alguém que Cria na Bíblia  

O meu interesse pela vida natural levou-me a ser atraído pelo anúncio sobre índios que Fernando havia colocado no quadro de avisos da faculdade. Encontrei-me com ele na Biblioteca e logo percebi que o anúncio sobre índios era apenas um chamariz para ele poder entrar em contato com as pessoas. Ele realmente estava em contato com pessoas que viviam em uma tribo na Amazônia, mas eram missionários tentando converter os índios ao cristianismo. Logo ficou claro que Fernando queria fazer o mesmo comigo. Achei o cristianismo que ele professava um absurdo, mas continuei minha amizade com Fernando pois sentia pena dele. Como podia alguém, em pleno século vinte, acreditar na Bíblia com a ingenuidade de uma criança! Ele dizia que eu era um pecador perdido que precisava de um Salvador; que Jesus me amava o suficiente para ter morrido na cruz para pagar meus pecados; que três dias mais tarde Ele ressuscitou de entre os mortos para se tornar um Salvador vivo. Segundo o que Fernando dizia, bastava eu crer em Cristo para ser perdoado de meus pecados e receber a vida eterna.  
Eu procurava por todos os meios mostrar a ele que a Bíblia continha muitos erros e que ao longo dos séculos ela tinha sido alterada pelos judeus e pelos católicos. O que eu não dizia era que não sabia ao certo que erros ela continha e onde tinham feitos essas alterações. Se alguém me pedisse, eu teria sido incapaz de mostrar um simples erro ou passagem alterada. Nem me passava pela cabeça que para poder afirmar que algo foi alterado é preciso conhecer como estava no original.

Deus Numa Tigela

Eu procurava explicar ao Fernando que era necessário que o ser humano subisse pela longa escadaria da evolução espiritual para atingir o estado de graça, para chegar ao que ele chamava de Céu. As coisas não eram tão fáceis como ele queria que eu acreditasse. Nessa escalada valia tudo: caridade, reencarnação, sofrimento, despojamento das coisas materiais, purificação do corpo por alimentos saudáveis, e milhões de outras coisas. Tudo dependia só de você e dos seus esforços. Obviamente não disse a ele que era impossível alguém ter a certeza de estar neste ou naquele degrau evolutivo, ou de se ter alcançado algo.  
Eu acreditava que apenas alguns grandes mestres tinham alcançado a perfeição, e entre eles eu incluía Jesus, colocando-O no mesmo nível de homens como Sidarta Gautama, ou Buda, Confúcio ou mesmo São Francisco de Assis. Não acreditava que Jesus fosse Deus. O conceito de Deus para mim era mais de uma energia cósmica do que de um Ser Divino. No fundo acreditava que o homem podia atingir a divindade dentro de si mesmo. Mas minhas crenças não traziam paz ao meu coração e nem certeza de ter alcançado coisa alguma. Continuava, porém, a fingir que era feliz e talvez achasse que meu rosto pálido pela falta de proteínas fizesse os outros pensar que eu era um santo de verdade. Minha insistência fez com que Fernando aceitasse ir almoçar comigo na Associação Macrobiótica de Santos. Lá alguém perguntou-lhe o que achava da Macrobiótica, após dar a ele uma longa explicação sobre sua filosofia. "Achei que vocês são extremamente religiosos... e que o deus que vocês adoram é essa tigela de arroz." respondeu Fernando sem hesitar.

Sedento Pela Verdade  

Nossas discussões continuaram, mas pouco a pouco alguma coisa começou a mudar dentro de mim. Comecei a prestar mais atenção ao que Fernando dizia. Até procurava provocá-lo com meus argumentos espiritualistas, apenas para ouvir o que ele tinha a dizer sobre a Bíblia e o Senhor Jesus. Aliás, posso confessar com toda a sinceridade que já fazia algum tempo que eu tinha passado a invejar a alegria de um grupo de jovens que, nos Sábados à noite, costumava tomar o mesmo barco que eu tomava para atravessar o canal entre Santos e Guarujá. Eles pareciam sair de uma igreja evangélica das proximidades e quando entravam no barco com suas Bíblias na mão irradiavam uma paz que eu, cada vez mais magro e pálido, não conhecia. Eu não conhecia absolutamente coisa alguma da paz e alegria que eles certamente gozavam. Tudo o que eu podia apresentar era o que vinha de um rosto pálido e único sentimento de leveza que eu experimentava era devido à desnutrição.

Eu Queria Glória Para Mim

Certa noite cheguei ao meu apartamento cansado e desanimado. Apesar de todos os meus esforços de elevação espiritual, eu me sentia na estaca zero; não podia seguir adiante. Cheguei até mesmo a pensar que o suicídio seria uma ótima saída para encontrar descanso. Mas o que certamente me incomodava era o amor de Deus para o qual Fernando continuava tentando chamar minha atenção. Se Cristo havia morrido em meu lugar para pagar pela dívida de pecado que eu tinha com Deus, eu nada precisava fazer senão aceitar o perdão completo que Deus oferecia de graça. Como poderia algum esforço de minha parte ajudar, se a Bíblia dizia claramente que "pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom (dádiva) de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8,9). Aquilo era demais para o meu ego. Devia haver algum mérito para mim, caso contrário eu não iria aceitar a salvação. Não queria dividir com Deus a glória da minha própria salvação. Não queria atribui-la exclusivamente a Ele. Nas trevas onde eu fora ensinado, era preciso eu evoluir espiritualmente, me aperfeiçoar, me esforçar o máximo e até reencarnar algumas centenas de vezes para chegar a Deus. Todavia, bastava uma passagem da Bíblia para destruir toda a minha crença na reencarnação: "Aos homens está ordenado morrerem UMA VEZ, vindo depois disso o juízo" . (Hebreus 9:27).

Desafiando a Deus

Naquela noite me revoltei contra Deus e O desafiei a provar se Ele existia e se realmente era Quem a Bíblia dizia ser. Ao mesmo tempo eu O questionava quanto à razão de minha falta de paz. Eu O desafiava, em voz alta, a me mostrar se Ele sabia as respostas para todas as minhas indagações. Furioso como estava, agarrei uma Bíblia e com todo o desdém de quem não crê, abri-a a esmo. Estas palavras saltaram diante de meus olhos:  
"Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?... Onde estavas tu, quando Eu fundava a Terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes?" Enquanto me sentava na cama, devagar, meus olhos continuaram percorrendo os capítulos 38, 39, 40 e 41 do Livro de Jó: "Onde está o caminho da morada da luz?... De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e porque grande é o número dos teus dias!... Sabes tu as ordenanças dos céus?... Porventura contender com o Todo-Poderoso é ensinar? Quem assim argúi a Deus, responda a estas coisas..." Quase podia ver o dedo de Deus esticado diante de meu nariz, me repreendendo por tamanha estupidez de minha parte. Pela primeira vez senti pavor; senti que estava diante de Alguém que era muito maior que eu. Devagar, fechei a Bíblia, enfiei-me debaixo da coberta e tentei fingir que nada tivesse acontecido. Tive medo. Acabava de me encontrar com Deus, mas ainda não conhecia o Seu amor.

Deus Visita Uma Livraria

Algum tempo depois entrei em uma livraria procurando por um livro que acabara de ser publicado. Desde o lançamento de "Eram os Deuses Astronautas?" de Erich Von Daniken eu passara a ter grande interesse em saber se existiam seres extraterrenos e se eles haviam de algum modo interferido na Terra. Lia tudo o que encontrava a respeito e o novo livro daquele autor, cujo nome era "Provas", certamente lançaria alguma nova luz sobre o assunto. Eu não sabia, mas Deus já havia visitado aquela livraria antes de mim e preparado tudo antes de eu chegar. Ao pegar na prateleira o livro que desejava, minha atenção foi despertada para o livro que estava ao seu lado: "A Agonia do Grande Planeta Terra"* , de Hal Lindsay. Acabei comprando ambos, pensando tratar-se do mesmo assunto. Por alguma razão aquele livro, que no Brasil só costumava ser encontrado em livrarias cristãs especializadas, estava na seção de livros sobre OVNIs, ou objetos voadores não identificados (discos voadores).

Se Não Tem Interesse, Não Leia

Comecei a ler "Provas" de Daniken e achei extremamente chato e incoerente. Ele dedicava uma boa parte do livro para provar que a Bíblia estaria errada ou que teria sido adulterada ao longo dos tempos. Nos outros capítulos do mesmo livro ele acabava usando passagens bíblicas para tentar provar suas teorias de visitas de extraterrenos à Terra. Achei melhor colocá-lo de lado e abri "A Agonia do Grande Planeta Terra"* para ler. Em uma das primeiras páginas havia um aviso mais ou menos assim: "Se você não tem interesse nas coisas que, segundo as profecias bíblicas, irão acontecer neste mundo, não leia este livro." Aquilo era o suficiente para despertar minha curiosidade e li o livro de um só fôlego, maravilhado com os detalhes que a Bíblia revelava de tudo o que vai acontecer. Muitas coisas começavam a fazer sentido para mim. 

Em Inimizade Contra Deus

Pouco a pouco fui entendendo que eu era um pecador perdido. Com a convicção de que eu estava perdido veio o entendimento de que nada que eu fizesse poderia alterar essa condição. Concluí que era uma questão judicial. Eu era inimigo de Deus e Ele tinha que me condenar por isso. Meu pecado, como o de todo mundo, era ser rebelde e querer viver minha própria vida independente de Deus. Embora não me considerasse perfeito eu ainda era influenciado pelo engano de tentar alcançar a perfeição através do espiritualismo. Não achava que estivesse COMPLETAMENTE perdido. Acreditava que a reencarnação me daria outras chances de evoluir espiritualmente para uma condição mais aceitável a Deus. Achava que por meu esforço contínuo conseguiria diminuir meu carma, ou o juízo pelos meus pecados. Por meus próprios esforços eu poderia reduzir assim o número de vezes que precisaria voltar a esta vida, neste ou noutros planetas, até eventualmente atingir a perfeição. Mas havia algo de egoísta em tudo o que acreditava, tudo estava relacionado comigo. Era sempre "eu", "eu" e "eu". Acreditava que o poder para tudo estava em mim mesmo. Se me esforçasse o suficiente para evoluir espiritualmente isso seria para resolver o meu problema. Se tentava ajudar alguém, era para eliminar parcialmente o meu carma ou minha carga de pecados. Deus era deixado do lado de fora. Nada do que eu fazia tinha como objetivo a Sua glória. Era tudo para a minha própria elevação. Meu ego era meu próprio deus.

Os Anjos se Alegram

Finalmente chegou a noite pela qual os próprios anjos na presença de Deus aguardavam com ansiedade -- a oportunidade para eles poderem festejar. Depois de um dia horrível, de luta comigo mesmo, não conseguia dormir com o fardo que pesava sobre minha alma. Eu tinha chegado ao limite; chegava ao final de mim mesmo. Após mais de cinco anos de envolvimento com o espiritualismo, não tinha evoluído um centímetro sequer rumo à perfeição. Pelo contrário, uma consciência atribulada era tudo o que tinha conseguido com meus esforços. 
Chegara a hora de considerar o que Deus oferecia. Ele tinha enviado o Seu Filho, o Senhor Jesus, para morrer por pecadores como eu. Haveria amor maior que este? Haveria alguém mais apto para resolver minha questão do que o próprio Deus? O amor de Deus enviou Seu Filho como Salvador a este mundo para que eu pudesse ter vida e vida eterna. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito; para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Eu não precisava me aperfeiçoar; eu não precisava reencarnar; eu não precisava me esforçar para merecer a salvação perfeita proveniente de Deus. Todos aqueles anos que passei no espiritualismo haviam demonstrado ser isso impossível. Deus me oferecia de graça aquilo que fora tão arduamente conquistado pela morte de Cristo na cruz e pelo poder da Sua ressurreição de entre os mortos. 
Eram quase duas horas da madrugada quando ajoelhei-me ao lado da cama e, em prantos, fiz uma oração até uma criança poderia fazer: "Senhor Jesus... até aqui fui eu quem tentou dirigir minha própria vida, e nada consegui... por favor, Senhor, toma conta de mim... salva-me, Senhor!" Então me rendi nos braços do Salvador. Eu sabia que era aceito. Começava para mim uma nova vida em Cristo Jesus. Por causa de meu arrependimento havia alegria no Céu na presença dos anjos.
"Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo... Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende!" (2 Coríntios 5:17; Lucas 15:10).
         
 
 
A continuação desta história você encontra em meu blog "O que respondi".
 

Texto: Mefibosete e a bondade de Deus - C. Stanley

Mefibosete e a bondade de Deus - C. Stanley
 

Certa manhã bem cedo, há muitos anos, estava lendo o capítulo 9 de 2 Samuel. Depois de lê-lo uma vez, pensei, "Que capítulo estranho, acerca de um jovem aleijado de ambos os pés". Li-o novamente, e ainda não podia ver nada nele. Depois de lê-lo pela terceira vez, meus olhos pararam nestas palavras: "Decerto usarei contigo de beneficência por amor de Jônatas, teu pai" (2 Sm 9:7). Um pensamento brilhou de repente em minha mente: "Ah! esta é uma figura da bondade de Deus, por meio de Jesus Cristo". Que figura estava então perante mim - como uma bela paisagem ao romper da manhã!

 À medida que os anos passaram, a beleza dessa imagem tem aumentado cada vez mais em minha mente. Por muitas vezes fui guiado a pregar a Cristo a partir desta figura, e raramente sem que almas fossem convertidas a Deus. Isto me encoraja a discorrer, em fé, sobre esta interessante porção da Palavra de Deus juntamente com meus leitores, confiando que Deus irá usá-la para bênção de muitas almas. Nesta figura da bondade de Deus, há dois personagens - Mefibosete, no caráter de filho da graça; e Ziba, como o homem de justiça-própria. A condição de Mefibosete ilustra de forma notável o estado em que se encontra o pecador quando é colocado diante de Deus.

 

O homem conclui que Deus é seu inimigo

Se você abrir no quarto versículo do quarto capítulo do mesmo livro, encontrará que ele era o filho de Jônatas, o filho de Saul, ambos já mortos nessa ocasião. Você verá que Mefibosete caiu e tornou-se aleijado, e que desde sua queda esteve escondido, aleijado de ambos os pés, em Lo-Debar que, em hebraico, significa um lugar "sem pasto". Por ser da casa de Saul, que era inimigo de Davi, Mefibosete concluiu que Davi, sem dúvida, seria seu inimigo escondendo-se, por isso, de sua presença.

Com que perfeição isto ilustra a condição do homem caído. Tão logo o pecado cegou a mente de Adão, nós já o encontramos escondendo-se da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim (Gn 3:8). E porventura não é exatamente esta a condição do homem até hoje? Ah, ele não conhece a Deus. Estando em inimizade contra Deus, o homem conclui que Deus é seu inimigo, e teme Sua presença. O pensamento de se entrar hoje na presença de Deus seria por demais aterrorizante. Acaso este pensamento o amedronta, meu leitor? Ah, é porque você não conhece a Deus. Talvez você possa dizer: "Eu pequei, e isto me faz ter medo de Deus". É verdade que você pecou; e eu também pequei; e todos pecaram. Mas se você soubesse o preço que Ele já pagou - se soubesse que Ele não poupou nem mesmo a Seu Filho querido - então você entenderia que Deus é o único a Quem você pode ir como um pecador - e ficar assegurado de que "o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 Jo 1:7).

Mas vamos seguir com nosso capítulo. "E disse Davi: Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça bem por amor de Jônatas?" (2 Sm 9:1). Será que não é esta também a presente obra do Espírito de Deus? Demonstrando aos filhos e filhas caídos de Adão a bondade de Deus, não importa quão profundamente tenham caído; não importa que estejam aleijados, aleijados de ambos os pés, e verdadeiramente no lugar onde não encontram pasto? Ah, pobre pecador caído, onde quer que você esteja tentando se esconder de Deus, não há nada neste mundo de miséria e pecado que possa fazer você feliz. Ou você pensa que há? Por acaso você já não tomou posse das ilusões de Satanás, ou colocou sua confiança nas vãs promessas deste mundo, até que seu pobre coração ficasse despedaçado em amargo desapontamento, e tudo tenha se transformado em triste vaidade? Escute, então, pois vou falar-lhe dAquele que não irá desapontá-lo.

Ziba, o homem de justiça-própria, informou ao rei que Jônatas tinha ainda um filho, que era aleijado de ambos os pés, na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. "Então mandou o rei Davi, e o tomou." (v.5) Este "tomou" é algo maravilhoso. Isto nos fala da graça que é inteiramente de Deus. O homem mostra sua bondade àqueles que, conforme pensa, a merecem. Ou então espera receber em troca algo digno de sua bondade. Não é assim com Deus. Mefibosete não fez coisa alguma para merecer a bondade. Ele não teve que fazer sua parte primeiro, como dizem alguns. Não! A graça foi buscá-lo em Lo-Debar, no próprio lugar onde estava. E acaso não veio o Filho de Deus encontrar os pecadores bem onde estes estavam? Ele veio para buscá-los, e os encontrou mortos em suas ofensas e pecados. E porventura Ele não ocupou o próprio lugar de juízo, e morreu, o Justo pelo injusto, para nos levar a Deus? Que caia eterna vergonha sobre cada fariseu orgulhoso que, depois de tudo isso, ainda venha a dizer: "O homem precisa fazer sua parte primeiro".

Uma figura do vacilante pecador

Mefibosete era aleijado demais para fazer sua parte primeiro. Ele tinha que ser levado. Ah! se não fosse por esta graça que leva, todos nós teríamos perecido em nossos miseráveis esforços para nos esconder de Deus. E então, quando Mefibosete foi levado "a Davi, se prostrou com o rosto por terra" (2 Sm 9:6). Que imagem de receio e temor. Sendo descendente de Saul, que caçava a vida de Davi, o que poderia Mefibosete esperar? Que no momento seguinte a voz de austera justiça exigisse sua vida. Aqui ele se prostra - uma figura do trêmulo pecador, colocado na presença de Deus, com o terrível fardo de culpa e pecado; ele não conhece a Deus - ele não sabe o que o espera.

Antes de ouvirmos as palavras de Davi, vamos voltar à aliança de amor, conforme é revelada em 1 Samuel 20:14-17. Jônatas, o pai daquele jovem caído aos pés de Davi, fala assim no versículo quatorze: "E, se eu então ainda viver, porventura não usarás comigo da beneficência do Senhor, para que não morra? Nem tão pouco cortarás da minha casa a tua beneficência eternamente... E Jônatas fez jurar a Davi de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma".

Você já voltou a visitar o lugar onde passou sua infância, e aí viu pela primeira vez o filho de algum amigo já falecido? Então você poderá ter uma vaga idéia do que Davi sentiu quando olhou para Mefibosete, o filho de Jônatas, caído aos seus pés. Quem poderá descrever a terna doçura daquela voz que falou do mais profundo do seu coração: "Mefibosete!"? "Eis aqui teu servo", é a trêmula resposta. Quão pouco ele esperava a graça incondicional que estava a ponto de ser mostrada a ele. "Eis aqui teu servo", é o pensamento mais elevado que pode ter o homem caído. Ele tenta se oferecer como um servo para Deus, e espera ser salvo ao menos por seu serviço. Esta é a religião de cada coração humano que não conhece a Deus.

Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência

Mas escute agora as palavras de Davi. Como o pai, na parábola do filho pródigo, ele interrompe Mefibosete. "Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu de contínuo comerás pão à minha mesa." (v.7). Ah! Deus é assim - sem condições, sem barganha. Não é nada do tipo 'se você fizer isto', ou 'se você não fizer aquilo'. Oh, não; é tudo pura graça! A bondade de Deus! "Usarei de bondade para contigo" (Versão Almeida Atualizada), e isto inteiramente por causa de outra pessoa. "E tu de contínuo comerás pão à minha mesa." Acaso não foi assim na parábola em que Jesus revelou a desconhecida e ilimitada graça do coração do Pai? Houve alguma repreensão? Houve alguma condição? Não, ele se lançou ao pescoço do filho e o beijou (Lc 15). E porventura não é assim também a bondade de Deus? Estarei eu deturpando a verdade ou, como Cristo fez, estarei revelando o verdadeiro caráter de Deus? Será assim que Ele recebe o pecador perdido? Pergunto: serão também estas as palavras que Ele tem para o trêmulo e miserável pecador, que só merece a perdição do inferno? Poderá Deus, apontando para a cruz de Cristo, dizer: "Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência por amor de..." Jesus? Tudo isto é, também, sem uma única condição. É tudo pura graça, fluindo de Seu próprio coração transbordante de amor.

Oh, meu leitor, você conhece a Deus assim? "Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus." (Ef 2:4-7). Será que você pode dizer que é esta a sua porção? Os homens teriam enviado um livro de instruções ao jovem paralítico, para dizer-lhe como curar seus pés, como se apresentar melhor e fazer nem sei mais o quê. Mas não há nem uma só palavra assim aqui. Não, Mefibosete vem como está; nada mais é exigido. E como é que poderia ser, quando se tratava de Davi tratando em conformidade com aquilo que havia em seu coração? Mais do que todas as outras coisas, Satanás irá empenhar-se em esconder do pobre pecador esta bondade de Deus. É quando Deus é verdadeiramente conhecido, que se entende que não há necessidade de homem algum sobre a terra, ou santo no céu, para abrandar Seu coração para comigo. Ele já está cheio de indizível amor.

Estará você, querido leitor, sentindo o fardo do pecado? E será que você tem se encontrado perplexo com os grossos volumes de instruções escritos pelos homens dizendo como você deve se sentir, e como você deve agradar a Deus e fazer com que Ele o salve? Talvez um diga que guardando as ordenanças e os sacramentos que você poderá ter a esperança de ser salvo. Outro, com um efeito igualmente mortífero, é provável que diga que você deve passar por esta ou aquela experiência antes que Deus o receba. Isto é, eles de bom grado irão querer persuadi-lo de que você não está tão completamente caído; que você é apenas aleijado um pouco de um pé, e que você tem que tão somente fazer de Cristo uma muleta e, com Sua ajuda, você vai poder seguir em frente até que razoavelmente bem. Na verdade, o ponto onde querem chegar é que você pode, de alguma forma, merecer o céu.

Ponha sua confiança em Deus

Portanto se você estiver de tal modo desnorteado e perturbado, deixe-me rogar-lhe que dê ouvidos a Deus e abandone todos os meios de salvação indicados pelos homens. Ponha sua confiança em Deus; naquilo que foi revelado na cruz de Cristo. Será que ali - enquanto você O contempla em Seus sofrimentos por você e por seus pecados, fazendo, por amor, a expiação por causa desses mesmos pecados a fim de que você possa se ver livre - você poderá fazer algo mais além de odiar seus pecados, e arrepender-se deles, e odiar a si mesmo por havê-los cometido? Ah, não há nada como a contemplação da cruz de Cristo para produzir arrependimento em um pobre pecador.

Tão logo aquela torrente de graça incondicional foi derramada dentro do temeroso coração de Mefibosete, ele "se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu?" (v.8). É assim que a bondade de Deus conduz ao arrependimento. O pecador é introduzido na presença de infinita graça, e também de infinita santidade. O verdadeiro caráter de Deus é revelado ao pecador em Cristo Jesus. Então ele escuta as mais doces palavras de divino amor: "Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência" (v.7). E o efeito disso é inclinar-se até o pó, sensibilizado por essa irresistível graça. É este o "arrependimento para a vida" (At 11.18).

Se não estou enganado, há muitos que entendem como arrependimento um tipo de reerguimento de si próprio; uma melhoria de si mesmo por meio da qual você consegue fazer com que Deus mude de idéia a seu respeito, como se Ele fosse nosso inimigo e necessitasse de nossas boas obras para ficar de bem conosco. Acaso foi necessário alguma mudança no pensamento de Davi? Não; seu coração estava cheio de amor. E para que seria necessário alguma mudança no pensamento de Deus? O que é a cruz de Cristo, além da expressão do amor de Deus para com os pecadores perdidos? Agora, querido leitor, se você conhecesse a bondade de Deus para com você, como foi demonstrada em Seu Filho Jesus Cristo e em Sua morte expiatória, isto produziria instantaneamente uma completa mudança de pensamento em você. E quanto mais você conhecesse a gratuidade desse precioso amor, mais você se humilharia, se inclinaria até o pó, diante de dEle. Aquilo que você talvez esteja tentando em vão produzir em si próprio, como algo preliminar à salvação, ou como algo para merecê-la, seria produzido no momento em que cresse no tremendo amor de Deus.

E note agora o contraste entre estes dois homens - Ziba, o servo, e Mefibosete, o filho - Davi chama a Ziba, e lhe dá mandamentos, os quais ele concorda guardar. "Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo." (v.11). A mesma coisa que Israel tão tolamente se comprometeu a fazer no Sinai - e a mesma coisa que milhares estão se comprometendo a fazer em nossos dias, os quais abandonaram o cristianismo, voltando a uma forma de judaísmo - sim, e temo que nove em cada dez que lêem esta página, pertençam à religião do servo, e não do filho.

Que contraste pode ser visto nas palavras de Davi dirigidas ao filho em pura graça. "Tudo... tenho dado." (v.9). "Mefibosete... de contínuo comerá pão à minha mesa." (v.10). "Mefibosete comerá à minha mesa como um dos filhos do rei." (v.11); "Morava pois Mefibosete em Jerusalém, porquanto de contínuo comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés." (v.13). Nenhuma palavra de graça dirigida ao servo, e nenhum mandamento dirigido ao filho. Um mostra o serviço de uma servidão pela lei; o outro, a adoração da mais profunda afeição do coração.

Feliz é a sua porção, filho da graça! Deus deu a você vida eterna. Não mais um servo, mas um filho nobre, real, à mesa de seu Senhor. Nem sequer um sacramento para ajudar a salvá-lo, mas o sentar-se de contínuo à mesa de seu Senhor, partindo e comendo daquele pão, e bebendo daquele cálice, que o faz recordar do corpo ferido e do sangue derramado de Cristo, pelo que você é salvo. Sim, Deus lhe deu o Pão da Vida, do qual você deverá sempre se nutrir. Você é um filho; seu lugar nunca pode ser o de um servo. "Mas, a todos quantos O receberam [receberam a Cristo], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no Seu nome." "E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo." (Jo 1:12; Rm 8:17).

De quão imensa importância é compreender este extraordinário parentesco. Certamente você deve ver que existe uma grande diferença entre o relacionamento de um servo e o de um filho. Um servo não permanece assim para sempre, mas o filho será sempre filho. Dessa forma a graça foi o que tirou Mefibosete de seu lugar de temor e inimizade, dando-lhe, de uma só vez, todos os privilégios de filiação, sem uma única condição. Vimos o efeito disso nele, demonstrado numa total rendição do seu eu, e encontraremos seu coração apegando-se a Davi para sempre.

A fria incredulidade diria: "Sim, é verdade, ele era um pobre e coitado aleijado antes de ser levado a Davi e tornado um filho do Rei. Mas certamente ele nunca poderia desfrutar do privilégio de sentar-se à mesa real, e continuar a ser um pobre e coitado aleijado". Este argumento existe porque não são poucos os que admitem que é a graça que leva um pobre pecador, perdido e aleijado, a Cristo, mas que no entanto imaginam que, depois de levado a Cristo, a continuidade desta condição e a salvação final dependem, de algum modo, de seu próprio andar e de sua obediência. Este é um dos mais terríveis e desnorteantes enganos. Se fosse verdade (ai de nós!), quem poderia ser salvo? Todo crente que conhece seu próprio coração responderá: "Eu é que não!" Se minha salvação final dependesse de mim por apenas uma hora, eu não ousaria ter sequer esperança de ser salvo. Você ousaria? Porém, o que vemos nesta figura divinamente inspirada da bondade de Deus? "De contínuo comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés." (v.13). Preciosa graça!

A graça me buscou, achou, e quis salvar;
Me guarda, levará, e manterá no Lar.

O crente fica, com freqüência, demasiadamente espantado quando descobre que, apesar de toda a força própria que pensa possuir para manter-se firme na hora da tribulação, é tão fraco agora como antes. E basta que ele, por um momento, esqueça a posição que em graça tem como filho, e comece a tentar andar como servo, para acabar ocupado com seus pobres pés aleijados. Ao descobrir que, como um servo debaixo da lei, não pode agradar a Deus, ele acaba se desiludindo e desistindo de tudo. Querido leitor, talvez você tenha insistido neste caminho a duras penas. Talvez você tenha olhado para o seu pobre andar aleijado até haver chegado a dizer em seu coração: "Na certa eu não posso ser mesmo um filho de Deus!" Ah, você nunca poderá achar descanso olhando para seus pés aleijados. Coloque-os debaixo da mesa, e olhe para aquilo que Deus, em Sua infinita graça, tem colocado sobre a mesa. Ele coloca diante de nós a recordação de Cristo. Tudo o que somos em nosso pobre, desventurado e aleijado ser, foi julgado e posto de lado pela cruz. E Deus considera nosso velho ser morto e sepultado fora do alcance de Sua vista. Ele nos vê agora ressuscitados com Cristo; sim, nEle próprio, sentados nos lugares celestiais.

Oh, sim, é bem verdade que o crente continua, em si mesmo, tão aleijado depois de sua conversão quanto ele era antes. No entanto ele tem uma nova vida - tem agora uma nova natureza, a qual não tinha antes; e tem o Espírito Santo habitando em si. Mas ainda sua velha natureza, chamada carne, continua sendo o que sempre foi. O que deve fazer então? Não ter absolutamente nenhuma confiança na carne; mas reconhecer a graça que o fez ser de Cristo, e que o manterá sendo dEle para sempre. Coloquemos, portanto, nossos pés debaixo da mesa, e alegremo-nos com as riquezas da divina graça que estão dispostas diante de nós. É quando chegamos no final de toda a esperança em nós mesmos, e quando reconhecemos a completa ruína do velho homem, que passamos a uma tranquila dependência em Cristo, em comunhão de Quem encontramos o poder para uma vida santa. Porém a carne, em sua justiça-própria, vai dar um bocado de trabalho antes de se deixar considerar morta (Rm 7).

A bondade de Deus para com um mundo culpado

O assunto do capítulo seguinte (2 Sm 10), é a bondade sendo demonstrada e sendo rejeitada, com o conseqüente juízo que se segue. Trata-se do grande pecado que é digno de condenação. A bondade de Deus para com um mundo culpado tem sido demonstrada. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16). Que bondade! Mas ouça estas solenes palavras: "Quem não crê já está condenado". (Jo 3:18). Se você que lê estas linhas for alguém que rejeita a bondade de Deus demonstrada na dádiva de Seu filho, pense bem; oh, pense bem em sua condenação eterna!

Gostaria de prosseguir rapidamente com a história desses dois homens - tipos, como foram, de todos aqueles que, nos dias de hoje, ou encontram a graça e a salvação em Deus, ou estão tentando ser salvos pela guarda de Seus mandamentos.

No capítulo 15 temos registrada a rebelião de Absalão. Davi, o verdadeiro rei, é rejeitado; e quando abandona Jerusalém, é notável observarmos que ele atravessa o mesmo riacho que o rejeitado Jesus cruzou anos depois. "E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo: também o rei passou o ribeiro de Cedrom." (2 Sm 15:23). Quando Jesus passou por aquele ribeiro na noite de Sua rejeição, os poucos que passaram com Ele não puderam vigiar nem uma hora. E no versículo 30, "subiu Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando". Foi a esse monte que Jesus levou Seus discípulos, quando, havendo sido rejeitado por aqueles por quem viera e tendo morrido, havendo Deus O ressuscitado dentre os mortos, subiu ao céu - rejeitado pelo mundo, mas recebido em glória nas alturas.

É aqui, quando Davi é assim rejeitado, e após haver passado pelo Monte das Oliveiras, que encontramos exposto o caráter de Ziba, o servo (Leia o capítulo 2 Sam 14:1-4. A primeira coisa que vemos é uma grande exibição de serviço ao seu rei - jumentos carregados de pão, frutas e vinho. "Que pretendes com isto?", pergunta o rei. Onde está Mefibosete? Ziba diz ao rei que Mefibosete ficou em Jerusalém para tentar tomar posse do reino. Realmente, aquilo tudo dava uma aparência de que Ziba, o homem de justiça-própria, tinha a melhor religião. Sim, e é isto o que sempre tem parecido ser à vista. Mas Deus conhece os segredos de todos os corações. Para todas as aparências exteriores parecia existir um grande zelo e devoção em Ziba; e ele tinha uma boa oratória. Mas, por dentro, tudo não passava de hipocrisia.

Por fim chega o dia da volta de Davi, o rejeitado (capítulo 19.24-30), e Mefibosete sai para encontrá-lo. Sim, e o dia da volta do Senhor Jesus, o rejeitado logo chegará; e todo o que é filho da graça, esteja ele dormindo no pó, ou vivo quando Ele vier, sairá para encontrá-Lo nos ares (1 Ts 4:15-18).

Mas a vossa tristeza se converterá em alegria

E agora, o verdadeiro caráter de ambos é revelado. Mefibosete "não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado os seus vestidos desde o dia em que o rei tinha saído até ao dia em que voltou em paz" (v.24). A bondade de Davi havia conquistado seu coração. Aquele coração pulsava de afeição para com o rei rejeitado; e sua afeição era por demais profunda para permitir que ele ocupasse na terra qualquer outro lugar que não fosse o de um triste enlutado, esperando pela volta daquele a quem amava. E porventura não foi com isto que Jesus contava na noite de Sua rejeição? "Um pouco, e não Me vereis, e outra vez um pouco, e ver-Me-eis. Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria." (Jo 16.20). Oh, quão pouco temos correspondido ao coração de nosso rejeitado Senhor! A nada posso culpar, senão ao meu próprio esquecimento de Cristo, se me coloco em qualquer outro lugar que não seja aquele em que Mefibosete se colocou - o lugar de um triste enlutado, esperando pela volta dAquele a Quem amo.

Mas o que dizer das frutas, do pão e do vinho? "Por que não foste comigo, Mefibosete?" E agora a verdade é tornada manifesta. Foi ele quem havia providenciado os jumentos carregados de frutas. Porém, por Mefibosete ser aleijado, Ziba adiantou-se a montar o jumento, tomando, assim, e com hipocrisia, o lugar de Mefibosete. E note agora o profundo efeito da graça. Mefibosete diz: "Faze pois o que parecer bem aos teus olhos. Porque toda a casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; e contudo puseste a teu servo entre os que comem à tua mesa" (vs.27-28). Quão doce é a confiança que a graça dá! Acaso você, leitor, tem a firme confiança de que Deus deu a você, em pura graça, um lugar em Sua própria mesa? Se assim for, como você poderia deixar de almejar, com puro gozo, pela vinda de Jesus?

"E disse-lhe o rei: Por que ainda falas mais de teus negócios? já disse eu: Tu e Ziba reparti as terras." (v.29). É maravilhosa a resposta de Mefibosete: "Tome ele também tudo: pois já veio o rei meu senhor em paz à sua casa" (v.30). Não era a terra que ele queria; não, seu maior desejo havia sido realizado. Era a pessoa daquele que lhe havia demonstrado tamanha bondade.

E acaso não é assim que sucede, onde quer que a graça tenha verdadeiramente conquistado o coração a Cristo? O desejo não permanece nas coisas da Terra. "E, na verdade", diz o apóstolo, "tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor" (Fp 3:8). Oh, que possamos ser mais como Mefibosete - mais como os santos em Tessalônica - esperando pelo Filho de Deus vindo do céu. Mefibosete havia recebido a bondade de Davi com a mais completa confiança; a despeito de sua condição de aleijado, ele nunca duvidara da realidade do amor de Davi, mas havia aguardado pacientemente por seu retorno, suportando cada afronta, até que chegasse o tempo. Os tessalonicenses também haviam recebido as boas novas da graça de Deus em poder e no Espírito Santo, e em muita confiança - e por isso suportavam com paciência, e mesmo com gozo, todo insulto e aflição proveniente das mãos de seus inimigos. E qual era o secreto poder disso? Eles esperavam por Jesus vindo do céu. Os verdadeiros filhos de Deus sempre foram odiados e caluniados.

Mas que dia esse que vai chegar! Quem poderá dizer quão cedo chegará Aquele a Quem esperamos? Suas derradeiras palavras foram: "Certamente cedo venho". "Amém. Ora vem, Senhor Jesus." (Ap 22:20). Davi voltou; acaso não voltaria o Senhor de Davi? Sim, nossos olhos irão vê-Lo em breve. Oh, bendita e brilhante esperança! Não esperamos pelo Milênio. Não esperamos pelo cumprimento das profecias. Todas estas coisas são benditas em seu próprio lugar - mas é o próprio Jesus que o crente, que foi lavado em Seu salgue, almeja ver.

Esta belíssima ilustração se estende ainda mais no capítulo 21 - o dia do julgamento da casa de Saul. "Porém o rei poupou a Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento do Senhor, que entre eles houvera, entre Davi e Jônatas, filho de Saul." (v.7). Isto encerra a história deste filho da graça. E então - depois que Jesus tiver retornado e Seu reino tiver sido estabelecido; depois que a Igreja de Deus já estiver há muito desfrutando da glória celestial de Cristo, e Israel tiver desfrutado da glória do reino sobre a Terra; sim, mesmo depois que o grande trono branco tiver sido estabelecido, diante do qual os filhos caídos de Adão tiverem que permanecer - nenhum dos que foram contados na família da graça, nos conselhos da eternidade, nenhum, nem mesmo um único, se perderá.

Mas onde estarão, naquele dia, os indiferentes pecadores, e aqueles que tentam fazer algo pela sua própria salvação? Mostre-me algum homem que professe ser um guardador da lei, e que não seja um transgressor da lei. Porventura, prezado leitor, poderia algum de nós permanecer diante daquele trono apoiado em nossas próprias obras? Impossível. Com certeza, o homem que pretende parecer melhor que seu vizinho deve ser um hipócrita, pois Deus diz: "Não há diferença" - "todos pecaram" (Rm 3:22-23). Não, não! não é pelas obras que qualquer pecador pode ser salvo. Se você puder encontrar um homem que não seja pecador, bem, deixe que ele tente. Porém um pecador necessita de perdão. "E sem derramamento de sangue não há remissão." (Hb 9:22). Bendito Jesus, Tu suportaste a ira, a maldição, o juízo, pelos pecados do Teu povo; e agora a bondade, que flui sem impedimento algum, e a paz eterna, formam a porção de cada alma que repousa em Ti. Olhe para a cruz, querido leitor, e ouça. Acaso Deus não está lhe dizendo algo ali? "Decerto usarei contigo de beneficência."

O fruto de uma fé salvadora

Mas será que em troca disso não haverá obras? Oh, sim, haverá um serviço verdadeiro, profundo, de coração - que é o fruto de uma fé salvadora. Quantas são as obras que parecem boas diante dos homens e são, na realidade, nada aos olhos de Deus! Os homens se sobrecarregam com pesados fardos de obras de justiça-própria; e, no entanto, que mais são essas mesmas obras além da mera rejeição da imerecida bondade de Deus?

Quanto mais profunda for sua certeza da imutável bondade de Deus demonstrada a você, um indigno pecador, mais profunda será sua aversão ao pecado, e mais completo o seu gozo em um serviço devotado de todo o coração a Cristo; e mais ansiosamente, embora pacientemente, você irá aguardar por Sua volta vindo do céu.
C.Stanley
http://loja.verdadesvivas.com.br/livretes/mefibosete-a-bondade-de-deus.html

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Texto: O Trono - Ron Owens

 
(...)
O Trono
 
O capítulo 4 de Apocalipse contém a descrição de uma cena de adoração no céu. E uma palavra deve saltar das páginas durante a leitura desta passagem: o trono. Dez vezes só neste capítulo, João fala a respeito do trono. Parece que esta imagem superava a tudo o mais na mente e na memória de João, enquanto tentava relatar sua visão. Ao observar a perfeita adoração no céu, vemos que tudo gira em torno daquele trono. Todas as formas da criação, a igreja, o mundo angelical, tudo está em sujeição àquele que está no trono.
Quando nos reunimos para adorar, a congregação está ali para se encontrar com aquele que está sentado no trono. Não existe verdadeira adoração sem um encontro com aquele trono. É o mesmo trono que Isaías viu. Assim como ocorreu aqui nesta passagem no céu, sempre que adoramos estamos reconhecendo que toda autoridade, poder, domínio, controle e supremacia pertencem àquele que está no trono
Isaías disse: “Vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Is 6.1). Era como se Isaías tivesse de perder a visão do trono terreno antes que pudesse ver “o trono”. Na vida de tantas pessoas hoje nas igrejas, até mesmo na vida de dirigentes de louvor e de pastores, há outros tronos, e por esta razão não conseguem ver claramente “o trono”. Ó como nós mesmos precisamos ser adoradores a fim de que nosso povo se torne adorador também!
Portanto, o foco da adoração precisa ser Deus, se quisermos realmente adorar. Quando as pessoas entram no culto hoje, será que é fácil para elas enxergar a Deus? Geralmente, enxergam uma porção de outras coisas que servem de obstáculo para se ter uma compreensão correta de quem Deus é, o Deus que vieram adorar.
Hoje é o homem que está no centro do palco, no centro das atenções. Não estou me referindo tanto ao físico quanto ao espiritual. Deus não dividirá sua glória com homem ou mulher, seja quem for. No momento em que o homem assume o controle, Deus fica de lado. O povo pode ouvir música, mas está ouvindo a Deus? Pode ouvir um sermão, mas está se encontrando com Deus? Pode apreciar uma boa apresentação, mas está conhecendo ao Deus Todo-poderoso?
Vivemos numa sociedade que tem uma sede insaciável por entretenimento. Isto tomou conta da igreja também. Até o desenho arquitetônico dos nossos prédios mostra que nos tornamos mais um teatro do que igreja. O lugar do púlpito ficou tomado por um palco para “apresentações religiosas”. Tanto a pregação como o louvor se transformaram em apresentações profissionais.
Não existe espaço para entretenimento num culto de adoração. O povo não precisa ver como os músicos e os pregadores são pessoas dotadas e habilidosas; precisa ver como Deus é santo. Precisa ter um encontro com ele. No entanto, a congregação freqüentemente sai mais impressionada com o cantor do que com o Salvador, mais impressionada com a personalidade do pregador do que com o poder do Espírito Santo. No entretenimento o homem é o foco, enquanto que na adoração o foco sempre é Deus.
Devemos lutar com todo nosso ser para manter o foco da congregação no lugar certo. Afinal, nossa audiência na adoração é o próprio Deus. É sua aprovação que devemos buscar.
“Não importa se o mundo ouviu, se aprovou, ou se entendeu;
O único aplauso que devemos buscar é o aplauso daquelas mãos que foram pregadas na cruz!”
“Então ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5.13).
 
Mais do Que Contemplar
 
Reconhecer a grandeza, a soberania e a majestade daquele que se assenta sobre o trono é uma parte essencial da adoração. Mas sem uma resposta pessoal àquele que está no trono, a adoração é incompleta. Em Apocalipse 4.10 vemos a resposta daqueles que estão adorando no céu. É uma resposta de submissão. Verdadeira e autêntica adoração exige uma atitude de coração em submissão por parte do adorador. Se realmente vemos Deus no trono, como pode haver alguma outra resposta da nossa parte, senão submeter-nos àquele que tem toda autoridade e soberania?
Entretanto, na adoração praticada nas igrejas hoje, quantas pessoas têm algum pensamento de submeter suas vontades àquele sobre quem estão cantando, e a quem dizem estar adorando? Você acha que Deus ouve o que lhe estamos cantando, mesmo que tenha um som maravilhoso, se não tivermos qualquer plano ou intenção de submeter nossas vidas a ele?
Nos capítulos 4 e 5 de Apocalipse, os adoradores estão prostrados em humildade e submissão. Não pode haver outra resposta apropriada à visão do trono. Nas nossas vidas, estamos muito mais nos empavonando do que nos submetendo, nos exaltando do que nos humilhando. Onde há soberba, não pode haver adoração. Na exaltação humana, Deus se retira, e permanece do lado de fora da igreja.
Digo isto com temor, e o digo como músico: No mundo da “música cristã”, é mais comum Deus ser usado para exibir o talento do homem, do que o talento do homem ser usado para expressar a Deus.
A passagem considerada como chave para o avivamento é 2 Crônicas 7.14, que começa assim: “Se meu povo se humilhar…” Então antes de orar, que também é essencial, vem a humilhação, porque Deus não ouvirá a oração de uma pessoa orgulhosa ou soberba. Ele só ouve a oração dos humildes. A parábola do fariseu e do publicano mostra claramente a quem Deus vai responder.
O lema da igreja galesa em 1904 e 1905 era: “Dobre a igreja e salve o mundo”. A igreja galesa se dobrou diante de Deus, e foi “dobrada” ou quebrantada por ele. Em pouco tempo o mundo inteiro estava sentindo os efeitos. Todo avivamento na história começou com humilhação e arrependimento por parte dos filhos de Deus.
Há um outro aspecto nesta passagem do Apocalipse. Em volta do trono, há vinte e quatro assentos, ou tronos menores, onde se assentam vinte e quatro anciãos com coroas nas cabeças. O que significa uma coroa? Representa autoridade e direitos. E o que estes anciãos estão fazendo vez após vez? Tiram as coroas das cabeças e as colocam aos pés daquele que se assenta no grande trono. Abdicam-se dos seus direitos e os entregam a um outro.
Não temos direitos. Nos países democráticos fala-se muito dos direitos de cidadãos, e podemos dar graças a Deus por estes direitos. Mas nas coisas do espírito, entregamos nossos direitos a outro. Fomos comprados por um preço, o preço do sangue do Filho de Deus.
Aprendemos a reivindicar nossos direitos e o fazemos na igreja também. “Posso fazer isto com meu corpo”; “Tenho controle sobre minhas decisões”. Não é verdade. Nosso corpo é templo do Espírito Santo. Como crente não tenho mais direitos.
São estas coisas que dividem a igreja, a família, a comunidade. Dividem equipes, ministérios, cooperadores.Cada um quer seguir sua tendência, seu gosto, sua preferência. Cada um tem direito de escolher a igreja que corresponde melhor ao seu gosto de música, de pregação, de estilo.
A adoração encontra sua consumação na entrega dos nossos corpos, de toda nossa vida, em serviço àquele que estamos adorando. A adoração não termina no culto. Saímos do culto para adorá-lo em serviço.
No Novo Testamento servir e adorar são sinônimos, pode-se usar tanto um como outro. Romanos 12.2 fala do “culto racional”, que é servir a Deus e que faz parte da adoração. Você acha que oferecemos a Deus algo que realmente lhe agrada se saímos do culto sem nenhuma intenção ou entrega prática para servi-lo durante a semana?
É responsabilidade dos líderes de adoração ajudar o povo a entender o que viemos fazer nos cultos da igreja. Quando realmente formos um povo que pratica a adoração em seu sentido completo, não teremos que nos preocupar em como ganhar novos membros ou em ver novas conversões. Verdadeiros adoradores serão sal e luz no mundo em que vivem, e a vida de Deus se multiplicará.
 
Este lugar, ó Senhor, é o altar,
A oferta, minha vida;
Meu corpo, Senhor, entrego a Ti,
Como sacrifício vivo.
Senhor, entrego-lhe todos meus direitos,
Minha vontade, meus talentos também.
Coisa alguma quero reter para mim mesmo,
Entrego meu tudo a Ti.
 
Ron Owens é músico e líder de louvor, e é associado do Dr. Henry Blackaby no Escritório de Oração e Despertamento Espiritual da North American Mission Board.

Texto: A Oração do Espírito - Samuel Chadwick

 
Orando no Espírito
Por: Samuel Chadwick 


Logo no início de 1882, tive uma experiência que elevou minha vida a um novo patamar de compreensão e poder. As demandas de uma tarefa impossível estavam despertando em mim um imenso senso de necessidade. Não tinha poder nem força para servir e muito menos para orar.
Antes disso, pensava que já soubesse como orar, pois já havia orado muito pela obra à qual o Senhor me enviara. Já ouvira testemunhos, mas fechara meus ouvidos. Eram de pessoas que foram empurradas para Deus pela falta de poder, e que sempre associaram o poder de Deus com uma experiência de santidade, o que não me interessava muito. Eu estava atrás de poder. Queria poder para ser bem-sucedido, pois meu interesse no poder era por causa do sucesso que traria. Queria sucesso que viesse a encher a capela, salvar pessoas, e trazer abaixo as imensas fortificações de Satanás com um grande estrondo.
Eu era jovem, e tinha pressa. Junto com mais onze pessoas, começamos a orar. Deus nos levou ao Pentecoste. Despertou minha mente, e também purificou meu coração. Recebi uma nova alegria, um novo poder, um novo amor e uma nova compaixão. Ganhei uma nova Bíblia e uma nova mensagem. Acima de tudo, tive uma nova compreensão e uma nova intimidade em comunhão e no ministério de oração; aprendi a orar no Espírito.
 
A Cooperação do Espírito
 
 
A obra do Espírito Santo é sempre realizada em cooperação. Ele nunca trabalha sozinho. Depende da cooperação humana para transmitir sua mente, manifestar sua verdade e operar eficazmente. Ele habita no Corpo de Cristo, assim como Cristo habitou no corpo que lhe foi preparado pelo Espírito Santo. Revelação veio do Espírito da Verdade, enquanto homens de Deus foram inspirados por ele. A Palavra é dele, mas foi escrita com mãos de homens.
Esta mesma dupla ação se encontra em toda a obra de redenção por Cristo Jesus. Nosso Senhor nasceu de uma mulher, mas foi concebido pelo Espírito Santo de Deus. Cresceu em estatura e em conhecimento na casa de José, mas foi instruído e guiado pelo Espírito Santo. Seus ensinamentos e ministério foram no poder do mesmo Espírito. Ele se ofereceu sem mancha a Deus pelo Espírito Eterno, e foi o Espírito que levantou Cristo dos mortos.
Existe a mesma cooperação em toda a experiência da salvação. Há sempre um fator humano e um fator divino. Há dois fatores no testemunho, dois fatores na direção divina, dois fatores na obra de Deus, e dois fatores na intercessão. Oramos no Espírito, e o Espírito faz intercessão por nós.
 
A Comunhão do Espírito na Oração
 
 
O Espírito Santo não faz nada de si mesmo, nem faz coisa alguma por si mesmo. Sua missão é glorificar a Cristo, e tudo que faz se baseia na obra consumada de Cristo. Ele não pôde ser dado até que Jesus fosse glorificado, e na experiência pessoal não pode haver um Pentecoste até que haja uma Coroação. O Espírito é o presente de Coroação de Jesus, a quem o Pai tornou tanto Senhor como Cristo.
A comunhão do Espírito na oração se torna possível por uma experiência em Cristo. A seqüência está no capítulo 8 de Romanos (v. 9 a 27). Aqueles que oram no Espírito precisam estar no Espírito, e se o Espírito de Deus vai fazer intercessão por nós, é necessário que ele habite em nós. Se vivermos segundo a carne, morreremos, mas se formos guiados pelo Espírito e não andarmos segundo a carne, mas segundo o Espírito, então o Espírito habita em nós, vive através de nós, e trabalha através de nós.
Então acontece o que está escrito: ‘Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26-27).
O Espírito Santo sonda as profundezas de Deus; toma as coisas de Cristo e as revela a nós. O Espírito conhece a mente de Deus; oramos no Espírito, instruídos e inspirados por ele, e ele intercede por nós com uma intercessão sem palavras. Esta é a explicação do Novo Testamento sobre a oração que prevalece.
Embora eu não soubesse disso até alguns anos depois, foi exatamente o que me aconteceu quando Deus me deu uma nova compreensão, uma nova alegria, e um novo poder na oração. Uma nova Pessoa entrou num novo templo, e estabeleceu um novo altar. Assim vivo, mas não eu; assim oro, entretanto não eu. Oro no Espírito, e o próprio Espírito também faz intercessão. O Espírito no meu espírito ora.
 
O Espírito Ajuda nas Nossas Fraquezas
 
 
O Espírito instrui e inspira toda verdadeira oração. Não há palavra mais verdadeira do que esta: “porque não sabemos orar como convém”. Não existe uma esfera em que chegamos tão rápido ao fim do nosso conhecimento quanto na oração. Nossos pedidos insistem em necessidades que são imediatas, óbvias e urgentes. Não conseguimos ver com suficiente profundidade, nem a uma suficiente distância, para saber qual é nossa verdadeira necessidade.
A maioria das pessoas quer boa saúde, conforto em casa, condições satisfatórias, boas amizades, um pouco mais de dinheiro, e mais sucesso, mas quem sabe dizer se tudo isto seria realmente para seu bem? Deus vê com mais profundidade e a uma distância maior, e pode querer outras coisas. Quantas vezes pessoas que suplicaram com corações partidos para que Deus poupasse uma vida, mais tarde agradeceram ao Senhor por tê-la levado! Ele sabia o que estava pela frente, e a tirou do mal que estava porvir.
O Espírito Santo conhece a mente de Cristo e a vontade de Deus, e ensina-nos como orar e o que orar. Se alguém falta sabedoria, que peça de Deus, e receberá dele mais do que sabedoria; Deus lhe dará o Espírito de sabedoria para instruir, fortalecer e guiar.
O Espírito Santo cria as condições da oração. Podemos pedir mal, não só no que pedimos, mas também no motivo dos nossos pedidos. Ele santifica o desejo e direciona-o para a vontade de Deus, de modo que desejemos aquilo que Deus quer dar. É desta forma que, ao nos deleitarmos no Senhor, podemos ter certeza que nos dará os desejos do nosso coração. Queremos aquilo que ele deseja. O Espírito exprime as coisas indizíveis da alma. Seus gemidos antecedem nossas orações, e as orações são geradas pela sua angústia. Nele está a fonte de vida e desejo, sabedoria e fé, intercessão e poder. Ele desperta o desejo, purifica a motivação, inspira a confiança, e assegura a fé.
 
A Oração do Espírito
 
Este é o significado mais profundo da oração. É mais do que pedir, é comunhão, intercâmbio, cooperação, identificação com Deus Pai e Deus Filho pelo Espírito Santo. Oração envolve mais do que palavras, pois é mais poderosa quando fica sem palavras. É mais do que pedir, pois alcança sua maior glória quando adora e não pede por coisa alguma.
Quando uma criança entrou no escritório do pai, e aproximou-se dele na sua mesa, o pai virou e perguntou: “O que você quer, filhinho?”
O garotinho respondeu: “Nada, papai, eu só queria estar com você.”
Este mistério do Espírito é a chave aos outros mistérios. O segredo do Senhor se manifesta àqueles que oram na comunhão do Espírito. Existem estágios de oração. Num estágio, oramos e pedimos que ele nos ajude. Há um outro estágio muito mais maravilhoso em que ele ora e nós concordamos, e fazemos da sua oração a nossa. Ele intercede dentro do templo dos nossos corações, e nosso Senhor vive para sempre para interceder por nós à destra do Pai.
O Espírito dentro do nosso espírito ora, operando em nós para desejar e para realizar a vontade e o agrado do nosso Pai que está nos céus. É Deus o Espírito representando Deus Pai e Deus Filho, e os três são um só Deus. Ele é o poder que opera em nós. Ele é quem une os corações em oração, e faz dos mesmos uma união irresistível na intercessão.
A certeza da oração respondida vem dele, e é ele que torna a oração a força mais poderosa em todo o universo de Deus. O segredo de tudo isso está nele. O poder de tudo isso é por ele. A alegria de tudo isso está com ele. A maior coisa que Deus já fez por mim foi ensinar-me a orar no Espírito.
Nunca somos de fato pessoas de oração no melhor sentido, até que sejamos cheios com o Espírito Santo. Por isto, Senhor, ensina-nos a orar no Espírito!
 
Extraído Do Livro “The Patli Of Power”, de Samuel Chadwick.

Texto: Testemunho de J. Pengwern Jones

 
Testemunho de J. Pengwern Jones
 

John Hyde foi grandemente usado para abençoar minha vida. Já havia lido aquele precioso livro de Andrew Murray, “Com Cristo na Escola de Oração”, e pude ver neste homem um exemplo vivo de alguém que estava de fato com Cristo na sua escola de oração. Seu exemplo deu-me um profundo anseio e também inspiração para me matricular como aluno nesta escola…
Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote, deseja “companheiros”, “colegas”, “participantes”, para entrarem junto com ele no santuário como intercessores. O sumo sacerdote dos tempos antigos tinha de entrar no Santo dos Santos sozinho, mas nosso Sumo Sacerdote suplica para que haja companheiros para estarem ao seu lado. Hyde era exatamente isto, e parece-me estranho que tenhamos tanta relutância em assumir este tremendo privilégio de ser “co-intercessores” junto com ele…
A primeira vez que encontrei John Hyde foi em Ludhiana, no Punjab (na índia), onde ele morava na época. Eu fora convidado para falar algumas palavras sobre o avivamento na região dos montes Khassia, na índia, para a Conferência da Missão Presbiteriana dos Estados Unidos, que estava realizando sua assembléia anual nesta época.
Viajei a noite toda, saindo de Allahabad e chegando em Ludhiana de madrugada. Levaram-me para tomar chá junto com os delegados do Congresso, e com os demais que estavam lá. Fui apresentado a Hyde que estava do lado oposto da mesa. Tudo que disse a mim foi: “Quero falar com você. Estarei esperando perto da porta.”
Lá estava ele me esperando, e suas primeiras palavras foram: “Venha comigo à sala de oração. Queremos você lá.”
Eu não sabia se era um pedido ou uma ordem. Sentia que tinha de ir. Falei com ele que havia viajado a noite toda, que estava cansado, e que teria de falar às quatro da tarde, mas acompanhei-o assim mesmo.
Encontramos meia dúzia de pessoas ali, e Hyde se colocou de rosto em terra diante do Senhor. Ajoelhei-me, e uma estranha sensação começou a tomar conta de mim. Algumas pessoas oraram, e depois Hyde começou a orar, e a partir daí não me recordo de muita coisa. Eu sabia que estava na presença do próprio Deus, e não tinha nenhum desejo de sair daquele lugar. Na verdade, acho que nem pensei de mim mesmo ou do lugar onde estava, pois havia entrado em um outro mundo e queria permanecer ali.
Entramos naquela sala por volta das oito horas da manhã. Várias pessoas entraram e outras saíram depois disso, mas Hyde ficou prostrado de rosto em terra, e dirigiu o grupo em oração várias vezes. Às refeições foram esquecidas, e minha sensação de cansaço evaporou. O relatório do avivamento e a mensagem que deveria entregar, que estavam me causando tanta ansiedade, saíram totalmente da minha mente, até umas três e meia da tarde, quando Hyde se levantou. Percebi então que estávamos sozinhos na sala de oração.
“Você vai falar às quatro horas,” ele disse para mim. “Vou levá-lo para tomar uma xícara de chá.”
Respondi que certamente ele também precisava comer alguma coisa, mas ele disse: “Não, não quero nada, mas você precisa de alguma coisa.”
Passamos rapidamente no meu quarto, e nos lavamos apressadamente, e em seguida tomamos uma xícara de chá cada um. Então já estava na hora da reunião.
Ele me levou até a porta, tomou minha mão e disse: “Entre e fale. Esta é a sua tarefa. Voltarei à sala de oração para orar por você. Este é o meu trabalho. Quando acabar o culto, venha para a sala de oração outra vez, e louvaremos a Deus juntos.”
Que sensação, semelhante a um choque elétrico, passou por mim quando nos separamos ali. Foi fácil falar, mesmo através de um intérprete. O que eu disse, não sei. Antes de terminar, porém, o intérprete indiano, sobremodo comovido pelos seus sentimentos e pelo Espírito de Deus, não conseguiu continuar, e teve de ser substituído. Sei que o Senhor falou naquela noite. Falou comigo, e falou com muitos outros.
 
Reconheci o Poder da Oração
 
Foi assim que reconheci o poder da oração. Quantas vezes já havia lido de bênçãos em resposta a oração, mas isto impactou-me de tal maneira naquela noite que desde então procuro alistar guerreiros de oração para orar por mim todas as vezes que tenho de entregar uma mensagem de Deus. Foi uma das reuniões mais maravilhosas que já tive o privilégio de experimentar, e sei que foi resultado do santo guerreiro de oração que estava lá por trás dos bastidores.
Voltei à sala de oração após o culto, para junto com ele louvar ao Senhor. Ele não fez pergunta alguma, se o culto fora bom ou não, se as pessoas foram abençoadas ou não, nem pensei em dizer-lhe da bênção que eu recebera pessoalmente, ou de como suas orações haviam sido respondidas.
Era como se já soubesse de tudo, e como era poderoso seu louvor ao Senhor! Foi tão fácil para mim louvar ao Senhor junto com ele, e falar com Deus da bênção que me enviara.
Conversei muito pouco com ele naquela conferência. Sabia muito pouco sobre ele, e estranhamente, não tive desejo de dirigir-lhe pergunta alguma. Mas um novo poder entrara na minha vida, humilhando-me e dando-me uma visão completamente nova da vida de um missionário, ou até mesmo da vida de um cristão. O ideal que me foi revelado naquela época nunca se perdeu, pelo contrário, com o passar dos anos, há um anseio cada vez mais profundo de atingi-lo.
Conversei com alguns missionários sobre Hyde, e descobri que antes muitos não o haviam compreendido, mas agora seus olhos estavam sendo abertos ao fato de que este não era um obreiro comum, mas alguém especialmente revestido com o espírito de oração, dado por Deus para a índia para ensinar as pessoas a orar.
Anos depois, perguntei-lhe se naquela época ele havia percebido que os missionários não estavam a favor da quantidade de tempo que passava em oração. Com aquele sorriso doce que eu jamais poderei esquecer, ele respondeu: “Oh sim, eu sabia, mas era porque não me compreendiam, só isto. Não era intenção deles ser antipáticos comigo.” Não pude detectar nele um átomo de amargura. E realmente agora os missionários já falavam da suas longas vigílias de oração com aprovação.
Provavelmente Hyde não passou uma noite dormindo durante aquela primeira conferência em que estivemos juntos, e o Senhor o honrou. Ele não apareceu diante do povo, mas em resposta a suas orações, muitos foram abençoados. Creio que uma nova era na história da Missão, e na história da província de Punjab, foi inaugurada naquela época.
 
 
Extraído de “Praying Hyde” (O Homem Que Orava), compilado por Captain E. G. Carré

Texto: O Incenso é Moído - Lalith Mendis - Sri Lanka

O Incenso é Moído

 Lalith Mendis - Sri Lanka

 

 ”Toma substâncias odoríferas… e disto farás incenso… temperado com sal, puro e santo. Uma parte dele reduzirás a pó e o porás diante do Testemunho na tenda da congregação, onde me avistarei contigo; será para vós outros santíssimo” (Êx 30.34-36).

O incenso é moído, bem fininho, assim como deve ser o cristão que ora. Quanto mais o incenso é reduzido a pó, maior é a nuvem de fumaça e mais intenso o aroma suave. De igual forma, um cristão que ora tem consideravelmente mais valor para o Reino quando é moído.

Precisamos ser moídos em nosso orgulho, ambição, vontade própria, apego às realizações passadas e habilidades espirituais. Pedaços que permanecem inteiros e não são quebrados em nós produzem uma fumaça ácida nas narinas de Deus e nas dos outros! É fácil para alguém orar quando é um joão-ninguém. Ele passa a lançar-se diante do Senhor em oração. “Preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10) é incenso suave ao Senhor.

O servo de Deus que é moído se gloriará em suas fragilidades. Seu testemunho será de que a força de Deus é aperfeiçoada em sua fraqueza.

Um homem que é moído nunca será uma pedra de tropeço para outra pessoa. Ele é tão pequeno que ninguém consegue tropeçar nele.

O livro de Cantares fala da noiva como um jardim de especiarias (Ct 4.12-16). A Palavra de Deus fala da vida de Jesus como um sacrifício de aroma suave (Ef 5.2). A vida de Jesus derramada sobre o Calvário é o altar de incenso mais eficaz e mais doce da História. Sua vida foi o incensário de ouro que levou o incenso de expiação até a face do Pai (Nm 16.46-50).

Somos exortados a ser o aroma suave de vida para aqueles que são salvos (2 Co 2.14). Nossas orações devem ser incenso suave (Sl 141.2; Ap 8.3-4). Conforme as súplicas dos santos sobem ao trono, Deus começa a revelar seu propósito para um indivíduo ou uma nação, assim como falava com Arão do meio da nuvem de incenso (Lv 16.2,12-13).

Incenso suave, tal como a oração, é o sacrifício aceitável a Deus que brota de um espírito contrito e quebrantado (Sl 51.17). Oferecer incenso era a tarefa especial e exclusiva da tribo de Levi (Dt 33.10).

Talvez a narrativa mais notável a respeito do incenso é aquela em que Arão se põe em pé com seu incensário de ouro entre os mortos e os vivos na rebelião de Coré, Datã e Abirão. Em Números 16.46-47, devemos observar que a oferta de incenso foi considerada uma expiação. Da mesma forma, somos chamados para interceder e derramar nossa vida quando a morte precisa ser barrada.

Arão ofereceu incenso em seu incensário de ouro. Incenso era queimado continuamente sobre o altar de ouro de incenso. O incenso era misturado ao óleo da unção, indicando que unção e oração são interligadas. O pão da proposição no Santo Lugar era aspergido com incenso, indicando que a Palavra de Deus era eficaz somente quando tinha a unção da oração (Lv 24.5-7).

O Benefício de Ser Incenso Moído

O coração quebrantado se livra rapidamente de mágoas e amargura e absorve logo a bondade de Cristo, já que está imerso na bondade dele. Considere um material absorvente que não foi quebrado. Absorveria uma tinta bem mais depressa se fosse mergulhado na solução em pedaços quebrados. Pedaços menores de carne absorvem o molho mais rápido do que a peça inteira.

O homem quebrantado tem apenas uma resposta para todos os desafios que encontra. Ele se torna incenso sobre o altar. É por isso que Deus trabalha poderosamente para aqueles que esperam nele. Ele se mostra forte em favor dessas pessoas. O altar de incenso encontra-se no Santo Lugar e, portanto, uma pessoa assim passará a maior parte de sua vida no Santo Lugar diante do Senhor. Três grandes exemplos desse tipo de vida foram David Brainerd, Amy Carmichael e Praying Hyde (o homem que orava). Hebreus 11.33-34 poderia ter sido escrito a respeito deles:

"… os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros.”

O altar de oração é um lugar solitário. Não tem ninguém para aplaudi-lo. Seu Pai no Céu, que o vê em secreto, irá recompensá-lo publicamente.

O incenso de louvor e oração só pode subir se o fogo estiver aceso. O fogo não podia se apagar em nenhum dos dois altares (Lv 6.13).

O altar de bronze de holocausto representa o ministério visível, enquanto o altar de ouro representa o ministério invisível de oração, no quarto fechado. Muitos buscam o primeiro em detrimento do último. Muitos parecem preferir o altar público mesmo se o fruto que permanece for muito escasso. Tais pessoas são atores de teatro. Era o incenso que mantinha a nuvem sobre o propiciatório e o Lugar Santíssimo. Sem a nuvem, os rituais não teriam a aprovação divina.

O altar de quebrantamento é erguido quando me torno consciente do poder e da fidelidade do Senhor em oposição à minha fragilidade e inconstância.