Sundar Sing era filho de pessoa rica e proeminente da Índia, onde imperava e ainda impera uma discriminação e racismo brutais, estando o país dividido em castas que praticamente não se comunicam entre si. Conheceu Jesus através da leitura de um Novo Testamento. Essa guinada em sua vida custou-lhe o ódio e a discriminação por parte de todos – inclusive da família, levando-o a viver nos campos e matas, em extrema penúria e também, muitas vezes, em grandes cidades do mundo fazendo conferências.
Sua alegria interior compensava tudo que tinha perdido. Ele próprio dizia que queria viver, tanto quanto possível, uma vida semelhante à de Jesus.
O milagre era uma constante em sua vida. Imagine alguém que não tem onde dormir, nem o que comer ou vestir, andando por selvas, montes, desertos, montanhas geladas e que pudesse sobreviver se não fosse pelo milagre. Imagine, também, as perseguições, prisões, espancamentos de alguém que, qual Daniel, não contasse com um Deus para livrá-lo.
Pois bem, assim era a vida do Sadhu (termo indiano que significa santo ou separado) Sundar Sing: entre visões da glória, transportes, meditações profundas, estados de êxtase.
Certa feita, foi atirado pelos seus algozes dentro de um poço cheio de pessoas condenadas – mortas ou moribundas. Um poço de onde ninguém sairia. A despedida da vida. Quando chegou ao fundo, sentiu o contato morno de algo que nada mais era do que carne humana fétida, em decomposição. Logo em seguida fecharam a chave a boca do poço.
“Não sabia que três dias se tinham passado. Inerte, sentado entre os ossos e os cadáveres, aguardava a morte, quando a boca do poço se abriu. Um vulto irreconhecível surgiu, negro contra o céu da noite. A voz, ampliada, era como o trovão. Ordenava-lhe que agarrasse a corda. E pouco depois, tateando fracamente, encontrou-a. Tinha um nó na extremidade. Firmou ali o pé e segurou-a como pôde. Sentiu que era erguido. Seu corpo oscilou pesadamente de uma parede à outra, até que atingiu a superfície. Fortes mãos o agarraram e o colocaram em terra. O ar fresco invadiu-lhe os pulmões como a água da represa invade o vale, os diques. Tossindo, atordoado, ouviu como em sonhos o ranger da tampa, o som da chave na fechadura. Olhou em torno para conhecer o seu amigo desconhecido, mas viu que estava só na escuridão noturna. Caiu de joelhos e deu graças a Deus. Quem o visse dormindo entre o bulício da faina diária que começava não imaginaria que era o mesmo que estivera no fundo do poço por três dias”.
No final de sua vida tentou várias vezes a travessia do Himalaia, rumo ao Tibete, onde pretendia pregar o evangelho. Da última vez, na primavera, não se conteve. Pretendia atingir o seu destino pela 'Estrada do Peregrino'. Contra tudo e contra todos, foi e desapareceu — por mais que o procurassem, sumiu sem deixar vestígio algum.
O importante é salientar o papel que Jesus representa e pode representar nas vidas daqueles que buscam algo surpreendente, superior e eterno e que não têm medo de confiar n’Aquele que é poderoso para resolver.
Sundar Singh foi um homem muito útil ao Senhor. Conheceu a Cristo ainda muito jovem e passou a ser tomado por um desejo profundo de se parecer com o seu Salvador. As montanhas da Índia, China, Nepal e Tibete são testemunhas das muitas viagens deste homem de Deus. Situações em que sempre esteve em perigo, seja ameaçado pelo frio, fome, animais selvagens, trilhas difícieis, seja sob ameaça de grandes forças do inferno e de extremistas hinduístas, budistas e mulçumanos.
Andando, literalmente, este fiel ministro da Palavra foi usado pelo Senhor Jesus para levar a Verdade (Jesus) a diversos povos estabelecidos em lugares de difícil acesso geográfico e de escravidão religiosa. Singh foi, sem dúvida, instrumento do Espírito Santo para proclamação do Reino de Deus como testemunho a esses povos.
Através da história deste homem podemos nos deliciar ao contemplar o alcance da graça do Senhor, que o levantou como ministro do Evangelho, cujo ministério foi forjado no meio do serviço e das batalhas que o acompanhavam. Ele não teve um minuto sequer para a teologia organizada e foi usado poderosamente por Deus por meio da ação do poder do Espírito Santo. Sentiu um peso enorme de responsabilidade pela obra de Deus na vida dos povos que ele se comprometeu a anunciar as boas novas, pelo que renunciou qualquer conforto material. É algo tão diferente de tanta doutrina materialista e comprometida com o bem estar do homem aqui na terra, tão anunciada por homens que abandonaram a mensagem da cruz e passaram a anunciar algo alternativo, mesclado com algumas verdades, mas inteiramente falso.
Nascido em 03 de setembro de 1889, Sundar Singh era o filho caçula de uma família sik, uma das religiões que tiveram origem na Índia, caracterizada por serem seus adeptos aversos às drogas, inclusive o tabaco, cultivando um cuidado peculiar com a higiene pessoal e um respeito devocional aos chamados “livros sagrados”. A aldeia na qual ele nasceu, Rampum, era um dos principais redutos siks, e seu pai, Sher Singh era governador da mesma.
Desde criança, Sundar Singh demonstrava um interesse incomum a sua tenra idade, pela introspecção e conhecimento dos livros sagrados sinkistas, com incentivo pleno de sua mãe, uma religiosa praticante que sonhava ver seu filho se tornar um “sadu” (espécie de sacerdote sik). Segundo o próprio Sundar, sua mãe teve uma participação marcante na sua trajetória até Cristo, pois ela alimentou seu desejo por uma vida piedosa.
Aos 14 anos, Sundar perdeu a mãe. Foi uma experiência muito dolorosa para ele. Mas, nessa fase ele se encontrava cada vez mais perto de conhecer a Cristo, embora ainda fosse lutar muito até decidir entregar sua vida a Ele. Isso seria uma vergonha para sua família sik. Por isso Sundar resistiu bastante até, finalmente, render-se ao Jesus a quem amou até o fim de sua vida.
Deus o estava cercando. Após a morte de sua mãe, Sundar entrou numa fase de profunda introspecção e luta interior, pois os rituais siks que cumpria diariamente e as horas de leitura nos livros sagrados não serviam para satisfazer sua profunda fome espiritual. Diante do quadro depressivo do filho, seu pai resolveu matriculá-lo em uma escola, a fim de ocupar sua mente, na esperança de vê-lo recuperar a alegria. E assim fez. Toda a escola era dirigida por uma missão norte-americana e lá Sundar teve contato com o livro mais precioso: A Bíblia.
De Inicio ele rejeitou tudo: a escola, os professores, os colegas e a Bíblia. Sendo que da Bíblia ele nutria um ódio intenso. Mas não podia deixar de ler, pois era o livro texto da escola. Quando começou a ler a Bíblia, passou a se interessar por ela. No início chamou a atenção o “tal” Jesus, de quem o livro falava. Sua atração pela Bíblia foi crescendo, levando-o a uma leitura diária, até que um amigo o advertiu com relação ao “feitiço” da Bíblia, pois, argumentou: – “muitos que começam a conhecer este livro acabam se tornando cristãos”.
Tomado pelo pavor de ser “enfeitiçado” pelo livro, se desfez da Bíblia, saiu da escola, e por algum tempo, passou a perseguir os cristãos de sua cidade. Queimou sua Bíblia e outras mais. Mas, em tudo, sua agonia só fez crescer. Decidiu, no meio de seu desespero, testar um texto que tinha lido na Bíblia. Seu conflito interior era tão gigante que desafiou Deus a lhe revelar a verdade ou então cometeria suicídio. Após algumas horas esperando a resposta do Deus que até então ele não cria ser real, o próprio Senhor Jesus veio ao quarto de Sundar e a presença gloriosa que sentia e via trouxe a certeza que jamais o abandonaria. Decidiu ali entregar sua vida a Cristo e servi-lo fielmente. Mas, como acontece com todos aqueles que querem seguir fielmente a Cristo, enfrentou diversas e duras oposições. Sua família o rejeitou e tentou até matá-lo por envenenamento. O Senhor o livrou da morte por diversas ocasiões.
Após sua conversão de pronto atendeu o chamamento do Senhor: iria pregar o evangelho de Jesus por toda a região do Tibet e vizinhanças como um Sadhu, ou seja, alguém que não tem nada nesta terra a não ser sua fé. Foi assim que percorreu regiões de difícil acesso, descalço por caminhos montanhosos e de frio hostil. Comia o pão de cada dia à medida que o Senhor supria. Sua vida estava inteiramente nas mãos do Mestre. Passou a se relacionar tão profundamente com o Senhor que foi a cada dia tornando-se mais parecido com Jesus. ‘Quando, numa sala, alguém o tratava com consideração que dispensava a seres excepcionais, ele se retirava aborrecido. Disse certa vez que não podia tolerar tais néscios’. Ao orar por uma criança à beira da morte, e o Senhor ter operado um milagre, ficou chocado ao ver as pessoas pensarem que ele era um milagreiro, levando-o a afirmar publicamente que não faria mais aquilo para não atrapalhar a mensagem do evangelho que pregava.
Embora tenha pregado o evangelho em diversos países, seu trabalho foi concentrado em regiões de difícil acesso nas montanhas da Índia, China, Nepal e Tibete. Sua missão era clara: levar a mensagem do evangelho a lugares que nunca tinham ouvido falar de Cristo. Os perigos faziam parte de sua dura rotina diária. Em 13/04/1929 foi visto pela última vez por um missionário europeu, quando decidiu percorrer a “Estrada do Peregrino” no Tibete. É desconhecido seu paradeiro, apenas sabemos que este homem certamente estará na lista daqueles que reinarão com Cristo.
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Sadhu Sundar Singh nasceu em 3 de setembro de 1889, no estado de Punjabe, no povoado de Rampur, em Patiala, na Índia Foi um missionário cristão indiano. Acredita-se que tenha morrido no sopé da cordilheira dos Himalaias em 1929.
Sadhu Sundar Singh foi o filho mais novo de uma família aristocrática sikh (todos os sikhs recebem o nome de Singh). A crença sikh combina o hinduísmo e a religião maometana, por isso a mãe de Sundar carinhosamente ensinou-lhe tanto as escrituras sikh como as hindus e rogava-lhe frequentemente que ele fosse sacerdote. Aos sete anos de idade, Sadhu Sundar Singh sabia de cor a Bhagavad-Gita inteira (o que, na Índia, não é um feito excepcional), e encontrava-se repleto de anelos por “santi”, a paz da alma.
Sadhu Sundar Singh estudava, avidamente, os livros sagrados, meditava neles, praticava ioga e boas obras. Quando ele contava catorze anos de idade, em 1902, a sua mãe e o seu irmão mais velho morreram.
Ao contrário da mãe de Sadhu Sundar Singh, o seu pai achava que ele era religioso demais para a sua idade. Uma vez, o guru, que era o seu mestre brâmane, encontrando-se com o pai dele, disse de Sadhu Sundar Singh : “O seu filho ou vai tornar-se um tolo ou um grande homem.”
Sadhu Sundar Singh buscou a Deus na crença sikh, no hinduísmo, no budismo e na religião maometana. Teve contacto com o Cristianismo durante um ano, quando ele frequentou numa escola local mantida por missionários cristãos presbiterianos norte-americanos. Contudo, quanto mais Sadhu Sundar Singh ouvia do Novo Testamento, mais rancoroso ficava em relação a ele. Abandonou a escola cristã. Quando via missionários cristãos em público, ofendia-os, e mandava os servos do seu pai fazerem o mesmo. Por fim, Sadhu Sundar Singh queimou um exemplar do Novo Testamento em público para expressar a sua indignação.
Houve uma ocasião em que Sadhu Sundar Singh percebeu que a sua fanática oposição ao cristianismo disfarçava uma atracção secreta por ele. O seu pai reprovava tanto o seu acto de queimar um Novo Testamento quanto a sua obsessão pelas religiões indianas, e perguntava-se se o seu filho não estaria perdendo a sanidade mental. De facto, em 17 de dezembro de 1904, com apenas 15 anos de idade, Sadhu Sundar Singh despediu-se do seu pai, anunciando-lhe que se suicidaria antes do pequeno almoço. Ele, efectivamente, planeava deitar-se sob a linha do comboio que passava perto de sua casa e deixar que o comboio expresso das 5 da manhã passasse por cima dele, para assim poder se encontrar com Deus, no além.
Às 3 da manhã do dia seguinte, 18 de dezembro de 1904, Sadhu Sundar Singh levantou-se e tomou um banho frio, conforme o costume hindu. Então, ele suplicou repetidamente a “Deus” que Se revelasse a ele, antes que o comboio expresso das 5 da manhã passasse por cima dele. Então, subitamente, um clarão de luz muito intensa brilhou no seu pequeno quarto, o que o levou a olhar em redor para ver se a casa não estaria ardendo. Depois, surgiu uma nuvem luminosa, e nela ele viu, irradiando amor, a face de um Homem. Em perfeito hindustani, a língua nativa de Sadhu Sundar Singh, o Homem disse lhe: “Por que me persegues? Lembra-te de que dei a Minha vida por ti na Cruz.”
E, por essa altura, Sadhu Sundar Singh escreveu: “Enquanto eu orava e continuava olhando a luz que havia aparecido no meu quarto, vi o vulto do Senhor Jesus Cristo. Era uma aparição gloriosa, plena de amor. Se fosse alguma encarnação hindu, eu ter-me-ia prostrado diante dela. Senti que essa visão não podia ser fruto da minha imaginação. Veio-me à mente uma ideia: “Jesus Cristo não está morto, mas vive, e Este é Ele mesmo! Caí aos Seus pés e senti essa paz maravilhosa que não havia encontrado em nenhum outro lugar. Era essa a paz que eu buscava. Aquilo era o próprio Céu. Quando me levantei, a visão tinha desaparecido, mas a paz e a alegria permaneceram comigo, para sempre. Era o dia 18 de dezembro de 1904!”
Mais tarde, Sadhu Sundar Singh viria a escrever: “O que vi não foi imaginação minha. Até àquele momento eu odiava Jesus Cristo e nunca O cultuara. Se eu estivesse falando de Buda, seria possível que fosse imaginação, pois eu estava habituado a cultuá-lo. Mas não foi um sonho. Quando temos acabado de tomar um banho frio, não se sonha! Na verdade, era o Cristo Vivo!”
Sadhu Sundar Singh prostrou-se diante de Jesus e adorou-O. A sua alma foi finalmente invadida por paz e júbilo. Ao pequeno almoço, ele disse a seu pai, que por sua vez estava perplexo: “O velho Sundar Singh morreu; eu agora sou uma nova criatura!”
Obviamente a sua conversão assemelhava-se muito à do apóstolo Paulo, e Sadhu Sundar Singh falava dela a todos que o quisessem ouvir.
Para o seu pai, a conversão cristã de Sundar era ainda menos aceitável do que a sua antiga inimizade para com o cristianismo; ele considerava o seu filho como um louco. A família pressionou-o a abandonar a sua nova fé, e, por fim, expulsou-o de casa. Tendo-se tornado cristão, ele foi rejeitado pelo seu pai e condenado ao ostracismo pela sua família. Diz-se que a última refeição que ele comeu em casa da família estava envenenada. O seu amigo Gardit Singh, que se tornara cristão na mesma época que ele, de facto morreu após comer dessa mesma comida. Com o alvoroço local, a estação missionária teve de ser fechada, e os cristãos do povoado mudaram-se para longe, em busca de segurança.
Sadhu Sundar Singh foi estudar a Bíblia numa estação missionária médica. Era ilegal ser baptizado antes dos 16 anos, por isso, ele foi baptizado como cristão “anglicano” no seu aniversário, em 3 de setembro de 1905. Um dos seus professores aconselhou-o a preparar-se teologicamente, mas ele, em vez disso, sentia-se chamado a pregar o Evangelho.
Em 16 de outubro de 1905, Sadhu Sundar Singh vestindo o manto amarelo açafrão de linho, usado apenas pelos sadhus (O sadhu é um hindu que dedica toda a sua vida à sua religião e abandona todos os prazeres mundanos), Sadhu Sundar Singh, sem aprovisionamentos, munido apenas com o Novo Testamento em urdu, idioma nacional do Paquistão, e um dos 24 idiomas nacionais da Índia, e de um cobertor que ele costumava enrolar à volta da sua cabeça, como um turbante, partiu descalço, perambulando de aldeia em aldeia, mas desta vez, seguindo os passos de Jesus. Não usava dinheiro e nunca pediu nada. Quando ninguém lhe oferecia alimento ou abrigo, passava sem eles. Pelas estradas, por onde caminhou, deixava “estranhos sinais escuros, no labirinto de pegadas impressas no pó. Os pés de Sadhu Sundar Singh sangravam”, e quando lhe perguntavam se as pedras não feriam os seus pés descalços, ele respondia que os seus pés eram tão duros que eles é que feriam as pedras.
Sendo sikh, Sadhu Sundar Singh como qualquer sikh tinha um pouco mais de 1,80m de altura, barba espessa e olhos escuros brilhantes. O seu olhar transmitia uma profunda paz interior, o que atraía as pessoas para ele. Em pé, o seu corpo era bem aprumado. As crianças e animais eram sempre atraídos por ele. Amava brincar com crianças e tinha um bom senso de humor. Quando falava de Jesus, o seu semblante inteiro iluminava-se, irradiando júbilo. Depois da visão que teve de Jesus, neste dia, 18 de dezembro de 1904, apenas um interesse e paixão ardiam no seu coração: servir Jesus.
Assim, Sadhu Sundar Singh perambulou pela Índia, Afeganistão e Caxemira, pregando o Evangelho de Cristo. Uniu-se a Samuel Stokes, um missionário norte-americano que deixara para trás a sua família abastada, para tentar viver na Índia, como São Francisco de Assis. Juntos, os dois amigos trabalharam numa colónia para leprosos e depois no Hospital de Doenças Contagiosas, em Lahore.
Em 1909, seguindo o conselho de amigos, Sadhu Sundar Singh tornou-se estudante de teologia na Faculdade Saint John”s Divinity, em Lahore. Permaneceu cristão anglicano por toda a sua vida e pregava frequentemente em igrejas anglicanas, mas, como pregador, recusava-se a ser vinculado a uma denominação. Para ele, todos os cristãos eram um. Ele cria que devia dar às pessoas a água viva de Deus (o Evangelho da Salvação do Senhor Jesus Cristo) na taça da sua própria cultura, não numa taça estrangeira. Sentindo um chamada especial para pregar nas terras perigosas e inacessíveis do Tibete, partiu sem demora para lá, fazendo a pé, muitas viagens quase impraticáveis para lá.
Em 1912 a fama de Sadhu Sundar Singh começou a espalhar-se pela Índia, e em 1916 foi publicado o primeiro, de vários livros, sobre ele. Onde quer que ele fosse na Índia, formavam-se multidões de cristãos e de não cristãos para o ver e ouvir. Em 1918 pregou também no Ceilão, em Burma, em Singapura, no Japão e na China. Em Penang, Malásia, Sadhu Sundar Singh foi convidado a pregar o Evangelho de Jesus num templo sikh. Em 1919 o seu pai recebeu-o afectuosamente e disse-lhe que estava disposto também a tornar-se cristão.
Sadhu Sundar Singh ouviu uma ordem de Deus para pregar na Inglaterra e o seu pai ofereceu-se para lhe pagar a viagem. Em fevereiro de 1920 ele chegou a Inglaterra e ficou, de início, numa comunidade de quacres. Depois foi hospedado na paróquia de Cowley, em Oxford, e pregou em várias faculdades e na Saint John’s Church.
De Oxford, Sadhu Sundar Singh foi para Londres, onde pregou para grandes multidões em várias das igrejas principais, inclusive na Baptist Metropolitan Tabernacle. Na Church House, em Westminster, ele pregou para setecentos clérigos anglicanos, para vários bispos e até para o Arcebispo de Canterbury. Ele anunciou também o Evangelho de Jesus Cristo no Trinity College, em Crambridge, e seguiu para Paris, onde também pregou o Evangelho. Depois foi para a Irlanda e Escócia, onde também pregou nas principais igrejas presbiterianas de Glasgow e Edimburgo.
Sadhu Sundar Singh não deixou que a popularidade internacional lhe subisse à cabeça. Ele dizia que o jumento sobre o qual Jesus entrou em Jerusalém teria sido muito tolo se pensasse que as flores e os ramos de palmeira que cobriam a estrada estavam lá em sua honra. Do mesmo modo, aqueles que levam Cristo às pessoas hoje seriam tolos se quisessem ter algum mérito pela boa recepção da mensagem.
Em maio Sadhu Sundar Singh cruzou o Atlântico e passou três meses pregando em Nova Iorque e São Francisco, e em muitas outras cidades dos Estados Unidos. Depois, foi e passou a pregar em Honolulu, e, em seguida, em vários lugares na Austrália. Ao contrário de outros oradores itinerantes da Índia daqueles dias, Sadhu Sundar Singh não buscava explicar e exaltar a sabedoria indiana; ele pregava unicamente o Evangelho de Jesus. Em conclusão, no final de setembro ele voltou para a Índia, entristecido com o materialismo ganancioso que vira no Ocidente. Observou que no Oriente muitas pessoas cultuavam ídolos, mas, no Ocidente as pessoas cultuam-se a si mesmas.
Em 1921 Sadhu Sundar Singh voltou a pregar no Tibete. Depois, no início de 1922, realizou um antigo sonho: viajou pela Palestina, refazendo os passos de Jesus. De lá foi pregar no Egipto, na França e na Suíça, onde pregou no auditório que é usado pela Liga das Nações. Na Alemanha, pregou na própria igreja de Martinho Lutero, em Wittenberg. Depois pregou na Suécia, na Noruega, na Dinamarca e na Holanda. De volta à Inglaterra, chegou muito cansado e pregou apenas na conferência de Keswick, em Gales. Naquele ano, recusou convites insistentes para pregar na Finlândia, na Rússia, na Grécia, na Roménia, na Sérvia, na Itália, em Portugal, nos Estados Unidos e na Nova Zelândia.
Apesar da fama e da bajulação que lhe eram dirigidas, Sadhu Sundar Singh permaneceu modesto e humilde. Dizia que não tinha vindo pregar, pois o mundo estava cheio de sermões, mas testemunhar do poder salvador de Jesus. O seu único interesse era aproximar-se mais e mais de Jesus, tornar-se cada vez mais semelhante a Ele e gastar a sua vida ao serviço dEle. E de facto, em toda parte por onde ele passava as pessoas ficavam impressionadas ao constatarem uma semelhança perceptível entre ele e Jesus.
Certa vez, na Inglaterra, prometeu visitar uma senhora, esposa de um homem ilustre. À hora marcada tocou a campainha da casa onde o esperavam. Atendeu-o uma empregada, que estava de novo neste trabalho. Sadhu Sundar Singh deu o seu nome e ela correu para avisar a sua patroa: “Está lá fora um homem. O nome é uma complicação que não se entende, mas o jeito dele faz pensar que bem pode ser o próprio Jesus!”
O interesse de certas pessoas por Sadhu Sundar Singh tinha a ver principalmente com os milagres e maravilhas na sua vida, mas ele, percebendo isso, passou a evitar falar deles. O que ele mais desejava enfatizar era a oração. “Oração, oração e mais oração” era o seu lema.
Sadhu Sundar Singh costumava visitar o Tibete em cada Verão. Em abril de 1929 Sadhu Sundar Singh partiu outra vez na sua arriscada jornada para o Tibete, apesar do seu problema de coração e da cegueira de um dos seus olhos. Depois de ter partido, nunca mais se teve notícias dele. Ainda que os seus amigos tenham saído em busca de informações, nunca encontraram nenhuma pista; ele havia simplesmente desaparecido.
Quatro anos depois, quando o governo da Índia anunciou que Sadhu Sundar Singh fora oficialmente dado como morto, alguns suspeitaram de que ele, na verdade, se tivesse retirado da civilização para se dedicar à meditação e à oração no sopé da cordilheira dos Himalaias. Porém, o mais provável é que Sadhu Sundar Singh tenha morrido pouco depois de partir na sua última viagem missionária. Como C. H. Spurgeon meditava no dia 17 de dezembro no “Livro de Cheques do Banco da Fé” «O cúmulo da minha ideia sobre o Céu é o estar para sempre com o Senhor. A glória para mim não são nem as harpas de ouro, nem as coroas imarcescíveis, nem a luz sem nuvens; porém, sim Jesus, o próprio Jesus, e eu para sempre com Ele na mais íntima e amorosa comunhão» assim também, durante muitos anos Sadhu Sundar Singh estivera desejoso de deixar este mundo e de estar no Céu, na glória, junto ao seu Amado Senhor!
Sadhu Sundar Singh viu aplicado com muita propriedade na sua vida o versículo escrito em Marcos 8:35, que diz: “Qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de Mim e do Evangelho, esse a salvará!”
Artigo de Carlos António da Rocha