quinta-feira, 15 de maio de 2014

Texto: Livro - Entrega Absoluta (Andrew Murray)

Entrega Absoluta (Andrew Murray)


 1. Entrega Absoluta
2. "O Fruto do Espírito é Amor"
3. Separado para o Espírito Santo
4. O Arrependimento de Pedro
5. Impossível para o Homem. Possível para Deus.
6. "Miserável Homem que Sou"
7. "Tendo Começado no Espírito"...

8. Guardados pelo Poder de Deus
9." Vós Sois os Ramos"

 
Dependência total


 Em primeiro lugar, é sempre uma vida de total, incondicional dependência. O ramo nada possui em si senão o próprio tronco. Depende da Vide por inteiro. Absoluta dependência é um dos mais sérios, mais solenes, mais preciosos pensamentos que alguma vez nos pode tocar. Um grande teólogo alemão escreveu dois grandes volumes uma vez apenas para ter como comprovar que toda a teologia Calvinista é sempre uma total dependência de Deus. Outro grande escritor disse-nos que dependência de Deus absoluta, incontestável, incontornável é o todo da religião Cristã, da religião de todos os anjos e a qual deveria pertencer aos homens na sua totalidade também, nada mais lhe podendo acrescentar. Deus é tudo para qualquer anjo e está assim disposto a sê-lo também para qualquer crente em forma humana sobre a terra. Caso eu possa e tenha como aprender a obediência incondicional, numa total dependência de Deus na sua efectivação, tudo o que for feito terá apenas porque e como prosperar. Você será sempre, a partir daí, um ávido avalista de toda aquela Vida sem fim que se experimenta já aqui sobre a terra. Terá assim a sua vida incondicional também, a de total dependência do próprio Deus.

É sempre assim que vemos isto, esta ligação incondicional entre ramo e Vide também. Qualquer videira que possamos encontrar em qualquer parte do mundo, tem sempre por princípio e condição básica, estar o ramo nela para que brotem, a seu tempo, frutos agradáveis, próprios da qualidade da própria Vide, distinguindo-se sempre pela qualidade da própria vide em si. Todo aquele suco, toda e qualquer espécie de vinho de qualidade que possa ver em cima de qualquer mesa, qualquer cacho de uvas que fartam os olhos com sua beleza intensa, falam da qualidade da árvore de onde chegaram a ser colhidas - sempre. É tudo obra da Vide e será sempre assim que os galhos que se esticam gozam noo carregar daqueles frutos, dos quais, eles próprios nunca se alimentarão.

Que tem a vide que fazer? Uma grande obra de excelente qualidade de facto. Tem de estender suas raízes para o aquoso e líquido subsolo, caçando nutrientes e bebendo da humidade por onde se estende - pois por norma as raízes se estendem a grandes distancias dali. Ponhamos certos nutrientes, adube ou outros longe dali, logo esta envia suas raízes para lá. Será a partir daquela humidade que acha, que produz aquela seiva a qual mantém os ramos reboliços e com jovialidade de aparência e a qual alimenta o fruto que nos ramos brotam e se evidenciam. A Vide faz esse trabalho, essa obra, por ela e o ramo recebe da Vide pelos canais certos, a seiva que alimenta o crescimento, o futuro sabor de toda a sua produção. Contaram-me que, em Hampton Court, Londres, existia uma frondosa vide que dava milhares de galhos repletos de frutos agradáveis, sobre a qual toda a gente se admirava pelo bom aspecto daquela vide que se espalhava e estendia, crescendo assim em demasia. Mais tarde descobriram a razão de ser de tal "fenómeno": não muito longe dali, passava o rio Thames e aquela vide estendeu suas muitas raízes para aquele rio, a centenas de metros dali, indo pelo subsolo até haver achado aquelas águas de onde obtinha ingredientes específicos e também a humidade necessária, o que era a razão da sempre abundante colheita que produzia. Esta vinha tinha uma obra a fazer e consegui-a totalizar, para que todos os seus ramos produzissem assim abundantemente.

Não é isto literalmente verdadeiro do meu Senhor Jesus? Terei eu de entender que quando me disponho no trabalho, quando tenho de entregar um certo sermão, uma aula a dar, ou a ir visitar quem é pobre de espírito, negligenciado ou desprezado, que a responsabilidade do sucesso dessa obra espontânea depende e é sempre da total responsabilidade de Cristo? É precisamente isso que Cristo quererá que entendamos desde logo. Cristo quer isso de todo o tipo de obra que façamos, seja no mundo seja dentro da igreja, que os alicerces desse mesmo trabalho se estendam àquela consciência simples da presença de Deus em nós: Cristo cuidará de tudo isso!

E como cumpre, como nutre Ele esta confiança numa total dependência? Ele consegue isso pela vinda do Espírito Santo - não apenas de vez em quando, como prenda ocasional e oportunista, mas sim como é o próprio relacionamento entre a Vide e seus ramos numa base constante, diária e incessante, a qual é a grande responsável pelo pulsar de toda a vida, de todo o aspecto, de toda a saude do ramo e de toda a qualidade do fruto que brota. É essa conecção que terá de ser assegurada por nós, sempre. Caso a seiva não esteja fluindo como devia estar, caso cessasse ocasionalmente de chegar aos confins dos ramos, o ramo murcharia e se secaria. É esta seiva que assegura toda a sua sobrevivência. É também assim que o meu Senhor Jesus quer que tome posição na sua seara e em toda a sua obra, pois de manhã à noite e dia após dia, passo a passo, em toda a obra que se possa chamar boa, tenho como e porque permanecer sempre n'Ele e Ele em mim em total dependência como alguém que deveras nada sabe, nada tem, nada pode fora da vide. Que os meus amados em Cristo se possam aperceber deste mistério, o de Cristo e da Igreja, que saibam o que esta palavrinha "nada" deveras significa e como dignifica. "Oh, sermos nada, termos nada!" Já alguma vez se deu ao trabalho de estudar o verdadeiro sentido dessa pequena palavra que faz toda a diferença, vendo Deus à luz disso? Sabe o valor que se tem quando nada temos, nada podemos ser?

Caso eu ainda seja algo, caso ainda tenha como, Deus nunca terá como o ser. Mas que bênção sobrevirá quando e assim que nada for, pois quando tomar meu posto de coração Deus será tudo e pode muito bem revelar Cristo por mim em mim, como se de mim se tratasse! Esta é a excelência da tal vida acima de todas as outras; apenas necessitamos tomar nosso posto e ocupá-lo por inteiro. Alguém dizia que todos os querubins que são chamas de fogo, são assim por saberem que nada serão e permitem, por essa razão, que Deus ponha neles, sobre eles, Sua glória a resplandecer sem igual e sem paralelo neste vasto universo! Olhe, torne-se deveras em nada, de forma real e duradoura, pois como obreiro sairá beneficiado em todas as formas de labor intenso esteja onde estiver. Que se tenha como e porque tornar tão vil, tão insignificante que apenas Cristo o tenha como e porque aceitar como obreiro em Sua própria seara: que seja Cristo quem seja tudo de valor em si mesmo!

Obreiros fiéis à causa, escutem: vossa primeira lição é esta, a de ser tornado em nada diante de toda a verdade dos factos. Qualquer homem que ainda possua algo, não terá como e porque ser totalmente dependente de Cristo. Aprenda a grande lição de nada ser, de nada saber sem Cristo, de estar vazio sem Ele. Absoluta dependência de Deus em forma real é o grande segredo avalista para o Seu poder ter como e porque habitar sempre em nós, de contínuo. Assim também, o ramo nada terá nele mesmo que nunca lhe advenha da própria vide em si, sem a rejeitar prontamente. Nada podemos ter senão Jesus apenas - em nós!

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